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Bebês de proveta: O tubo não é tudo de bom

Bebês de proveta correm mais risco de nascer com complicações de saúde do que os gerados naturalmente

Um estudo publicado recentemente na revista científica The New England Journal of Medicine revela que crianças concebidas em laboratório pelas técnicas mais modernas de reprodução assistida têm mais do que o dobro de probabilidade de nascer com alguma complicação de saúde do que os bebês concebidos naturalmente. Realizado por pesquisadores ingleses e australianos, o trabalho acompanhou mais de 1.000 bebês, nascidos entre 1993 e 1997. Ao longo do primeiro ano de vida, quase 10% deles apresentaram problemas cardíacos, distúrbios neuromusculares e até paralisia cerebral. A pesquisa não representa uma condenação dos métodos de concepção artificial, mas deve servir de alerta. "Apesar dos progressos da medicina reprodutiva, é preciso avisar os casais que recorrem a ela sobre os riscos embutidos nas terapias", diz o urologista Jorge Hallak, diretor de andrologia da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Por incrível que pareça, na maioria dos casos os especialistas não fazem isso.

Os bebês estudados foram gerados pela fertilização in vitro, a FIV, e pela técnica conhecida por ICSI. Esses são os métodos mais modernos e eficientes da medicina reprodutiva. Utilizada no Brasil desde 1984, a FIV junta, em um tubo de ensaio, os espermatozóides do homem com os óvulos da mulher. A fecundação ocorre, em geral, em até doze horas. De dois a cinco dias depois, os embriões são colocados no útero materno. Desenvolvida em 1990 e considerada a grande revolução da concepção assistida, a ICSI consiste em injetar o espermatozóide diretamente no óvulo. As taxas de sucesso das duas técnicas chegam a ser 50% superiores às dos métodos tradicionais. Elas, no entanto, se destinam a casos específicos de infertilidade - quando o homem produz espermatozóides, mas não os ejacula, ou quando eles têm problemas de locomoção. O médico Hallak calcula que dois terços dos casais que utilizam a ICSI ou a FIV poderiam ter bebê por intermédio de procedimentos mais simples, menos invasivos e mais baratos.

Os especialistas acreditam que a "mãozinha" dada pela FIV e pela ICSI, ao provocar a fecundação, pode explicar grande parte das doenças dos recém-nascidos. Muitas vezes a medicina junta duas células que, no que dependesse da natureza, dificilmente se associariam. "O processo é feito de modo aleatório, porque não há como verificar se elas são saudáveis ou não", afirma a geneticista Mayana Zatz, da Universidade de São Paulo. Esse problema já não ocorre com tanta freqüência com as técnicas de indução da ovulação ou de inseminação artificial. No primeiro método, o organismo feminino é induzido a produzir mais óvulos do que o normal. No segundo, o médico injeta células sexuais masculinas dentro do útero. Em ambos, os espermatozóides têm de nadar até os óvulos e tentar penetrá-los. Se uns e outros apresentarem incompatibilidade, a fecundação tende a não ocorrer, o que aumenta a garantia de que não se terá um filho com doença congênita. A indução de ovulação e a inseminação artificial são, enfim, mais parecidas com o método natural do que a FIV e a ICSI. E, por isso mesmo, a probabilidade de nascimento de uma criança saudável é maior.

Os principais riscos

Os bebês gerados pela fertilização in vitro e pela técnica conhecida por ICSI têm mais do que o dobro de probabilidade de nascer com alguma complicação de saúde

Entre os principais problemas estão:
- baixo peso
- doenças cardíacas
- distúrbios neuromusculares
- paralisia cerebral

Fonte: The New England Journal of Medicine

VEJA Edição 1 752 - 22 de maio de 2002

Reportagem de Paula Beatriz Neiva





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