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O Discreto Charme da Simplicidade

O verdadeiro líder é uma das mais simples pessoas da equipe. Porque ele tem assegurada sua auto-estima, sua auto-confiança, sua paz interior e por isso não tem a menor necessidade de fazer alarde daquilo que o mundo corporativo chama de poder.

 

 

                        

 


Por FLORIANO SERRA

Conta a parábola que um viajante procurou abrigar-se de uma tempestade numa casa que lhe pareceu a mais apresentável numa distante cidade do Oriente. Foi muito bem recebido pelo dono da casa, mas logo sentiu uma pontada de frustração ao perceber que a casa era inteiramente vazia: nenhum móvel, cadeira, mesa, nada. Sentado no chão, depois de descansar alguns minutos, nosso viajante não se conteve e comentou:

- Agradeço muito sua hospitalidade, mas permita-me uma observação. Como o senhor consegue viver numa casa totalmente desguarnecida de móveis, quadros, eletrodomésticos – enfim, do conforto ao qual estamos todos habituados?

O anfitrião não pareceu aborrecer-se com a observação do viajante – apenas retrucou:
- Por acaso o senhor está trazendo consigo esses bens confortáveis que citou?
- Eu? Eu, não! Mas eu estou aqui de passagem!

Calmamente o anfitrião respondeu:
- Eu também, meu amigo, eu também.

O que acho legal nessa parábola é a maneira simples e direta pela qual ela nos mostra a futilidade do apego aos símbolos materiais, tão comum na nossa sociedade atual, em que a aparência, a ostentação e os bens financeiros têm sido critérios de avaliação mais importantes que caráter, bondade, moral e educação – para citar apenas alguns exemplos.

A futilidade desse apego fica mais evidente na parábola quando somos levados a refletir que estamos todos aqui na Terra de passagem e nenhuma daquelas riquezas é aproveitável para além desta vida.

A interpretação dessa analogia é óbvia: todo poder, por maior que seja e independente da sua natureza e forma, é efêmero e passageiro. Deslumbrar-se ou deixar-se embriagar pelas aparências ou pelos valores materiais das coisas é no mínimo mostrar indiferença aos valores realmente essenciais para a dignidade, a paz e a felicidade da raça humana nesta viagem transitória.

O que tais comentários tem a ver com as empresas, com o trabalho?

Aquela parábola me faz lembrar de uma certa categoria de gestores organizacionais que se deixa embriagar pelo “poder” da autoridade hierárquica para cometer desmandos e injustiças contra seus colaboradores no trabalho – e às vezes até contra a comunidade onde atua.

Esse “poder” hierárquico é tão efêmero e passageiro, que um individuo pode possui-lo e perdê-lo dezenas de vezes durante sua trajetória profissional. E essa constatação atinge a todos: a imprensa vem anunciando com freqüência a rotatividade de altos executivos, alguns tão poderosos quanto arrogantes, que até então pareciam inatingíveis. Com o tombo, às vezes o sujeito aprende a lição, outras vezes nem se dá conta de que não é o mundo que está errado ou que não o compreende – mas ele próprio é quem está necessitando de uma faxina comportamental – e às vezes até emocional.

Certamente o leitor conhece profissionais que já exerceram cargos gerenciais em várias empresas, já saíram delas – e continuam jogando da mesma maneira, cometendo “pênalti” e “faltas” contra o próprio time, nem sempre punidos pelo “juiz” – o chefe imediato.

É incontável a quantidade de executivos que, demitidos, deixam uma péssima imagem, uma fama de grosseiros, arrogantes, injustos. O que me leva a perguntar: o que leva um profissional a sentir prazer em provocar, medo, raiva e tristeza na equipe? Se não tem prazer, pelo menos demonstra não dar a menor importância aos sentimentos alheios. Ou seja: é, no mínimo, um egocêntrico, incapaz de praticar a empatia e a tolerância.

Mal sabem esses que o verdadeiro poder está na simplicidade. O verdadeiro líder é uma das mais simples pessoas da equipe. Porque ele tem assegurada sua auto-estima, sua auto-confiança, sua paz interior e por isso não tem a menor necessidade de fazer alarde daquilo que o mundo corporativo chama de poder. Essa simplicidade cativa a equipe e a conduz ao comprometimento, diante do contexto de harmonia e respeito que é criado.

Como é admirável o líder que não perde o coração por causa do poder! Como é louvável o líder que usa a força do seu poder para produzir e transmitir paz, confiança, bom humor e felicidade dentro da sua organização – sem o menor prejuízo à capacidade produtiva da mesma! E é claro que estes existem – eu mesmo desfruto da amizade de alguns deles.

Tenho certeza de que o leitor também conhece presidentes de empresas – vencedores - que cumprimentam do porteiro ao vice, com a mesma espontaneidade, simplicidade e entusiasmo, sem que com isso percam um milímetro da sua autoridade. Pelo contrario, ganham em afeto, admiração e respeito. E mesmo em níveis hierárquicos menores – diretores, gerentes, chefes, supervisores, encarregados – aos quais se aplicam os mesmos conceitos, há aqueles que igualmente tratam o próximo com a simplicidade dos vencedores, dos verdadeiramente poderosos, dos que têm a serena certeza da sua importância, da sua competência e da sua missão.

Claro, há os outros – infelizmente em maioria, até. Justamente por isso o mundo corporativo anda tão conturbado. Mas eu não tenho a menor dúvida de que a simplicidade vencerá e a muito curto prazo. Cada vez mais sou chamado por empresas para falar sobre o gerenciamento de resultados e sentimentos. Ah, e com que prazer eu o faço! Pena que eu não consiga operar milagres e produzir transformações comportamentais com a velocidade que gostaria. Mas bem que eu tento: diariamente peço inspiração ao único guru que conheço e que, na Sua breve passagem pela Terra, deixou como exemplo o mais eficaz e duradouro modelo de uso do poder e simplicidade que a História já conheceu.

(*) Floriano Serra é psicólogo, palestrante e consultor de empresas na área comportamental e presidente do IPAT -Instituto Paulista de Análise Transacional (www.ipat.com.br) e da SOMMA4 Desenvolvimento Pessoal e  Organizacional.
(11) 5052.8002, florianoserra@terra.com.br

Floriano Serra

Floriano Serra
www.ipat.com.br

 

 

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