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Células-embrionárias e falsas esperanças

Falsas expectativas nas pesquisas científicas


"Quando a medicina não oferece uma esperança razoável de cura, o desespero pode nos levar a agarrar-nos a qualquer fio de esperança. (...) Precisamente por causa do poder da esperança, pela sua capacidade de consolar e motivar nas situações de maior desespero, manipulá-la é uma ofensa tão espantosa (...). Pacientes com doenças incuráveis foram utilizados em diversas ocasiões para influenciar o debate público e parlamentar sobre a pesquisa com células-mãe embrionárias".

As pesquisas, adverte Condic, além de merecer objeções morais graves, apresentam problemas do ponto de vista puramente científico. Uma das dificuldades é a rejeição por parte do sistema imunológico do paciente. Para solucionar este problema, foi proposta a criação de embriões clonados do paciente que pudessem ser utilizados como fonte de tecidos de reposição.

Desde então os doentes incuráveis são levados a acreditar que as células-mãe embrionárias são a sua esperança de cura. "Os partidários das pesquisas com células-mãe embrionárias e da clonagem de seres humanos recrutam para as suas fileiras os doentes terminais não só para dar credibilidade aos seus pedidos mas para preparar a jogada, de grande valor emotivo, do 'Como podem negar-me a cura?'.

Aqueles que são contrários à clonagem humana podem ser facilmente acusados de impedir o caminho para a cura; uma cura que só existe nas esperanças dos desesperados e nas especulações de um número pequeno de cientistas".

Condic propõe que paremos para pensar "até onde nos levará a exploração dos sentimentos". Em relação aos Estados Unidos, diz que já foi longe demais. Primeiramente, "foi solicitado à opinião pública que aceitasse o financiamento federal nas pesquisas com células-mãe de embriões humanos, sem mais argumentos que a tese, infundada, de que tais pesquisas curariam doenças". Agora afirma-se que é necessário gerar clones humanos para que as verdadeiras possibilidades terapêuticas das células-mãe embrionárias se tornem realidade.

Seguindo esse caminho, é possível que se admitam coisas ainda maiores, como a gestação durante algum tempo de embriões clonados até um grau de desenvolvimento que permita obter tecidos em maior quantidade e mais específicos. Não é possível descartar essa e outras possibilidades, pois no rumo do debate "a questão é simplesmente esta: na ausência de provas científicas aceitáveis que documentem de que modo serão curadas as doenças com células-mãe embrionárias e clones humanos, qualquer um pode dizer o que quiser e tudo pode ser justificado com base em uma esperança presumida de sucesso".

Oferecer falsas esperanças, conclui Condic, não é apenas brincar com os sentimentos dos aflitos. Também é motivo de prejuízos incontestáveis: Estão subtraindo recursos valiosos de outros campos de pesquisa, talvez com maior chance de sucesso, enquanto os pacientes e as suas famílias são usados na área política.(...) Nenhuma dose de falsas esperanças pode mudar o fato de que, após mais de vinte anos de pesquisas sem restrições, esses trabalhos não proporcionaram uma única cura para qualquer doença humana.

Instrumentalização na Austrália

Na Austrália, um ativista em favor dos inválidos denunciou a utilização dessas pessoas no debate sobre clonagem, segundo informa o boletim digital Australasian Bioethics Information (06/09/02). Erik Leipoldt, tetraplégico, pertence a People with Disabilities of Western Australia, associação da qual foi diretor executivo. Afirma que é "ofensivo ver o uso da invalidez como instrumento de pressão por parte da indústria biotecnológica".

Em seus vinte e cinco anos como ativista, afirma Leipoldt, nunca havia visto cientistas e políticos defender com tanto ardor a causa dos inválidos. "Estão sendo injetadas quantidades enormes de dinheiro em algumas destas pesquisas. Quando estes grandes interesses são postos em um prato da balança e os interesses dos inválidos do outro, ouve-se um forte estrondo. E não é o som do altruísmo", conclui.

 

Maureen L. Condic, é professora de neurobiologia na Universidade de Utah (EUA) e pesquisadora no campo de regeneração da espinha dorsal.

Em breve publicaremos o artigo: Células-embrionárias adultas, uma esperança real

Fonte: Interprensa - Ano VI - Edição 63 - Novembro de 2002

www.interprensa.com.br

 

 

 

 

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