Portal da Família
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Família: Espaço de amor, partilha e aprendizagem |
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Isabel Marrachinho Toni* |
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Tem vindo a ser, cada vez mais, reconhecido à FAMÍLIA um papel de ator determinante do progresso social, cultural, econômico e moral. As atitudes de entre ajuda, de solidariedade, de paciência, de alegria e a capacidade de esforço pessoal, de dinamismo criativo, de trabalhar em grupo, de saber contar com o positivo de cada um, são vivências constantes numa família. A família é um grupo de tarefas que se organiza na direção da sobrevivência, cujos membros dividem atribuições e papéis. Um grupo que é interativo no qual intensas relações afetivas se manifestam. Um grupo que é produto das heranças culturais trazidas por seus antepassados, do seu próprio ciclo de vida familiar, da sua articulação dentro dos fatores econômicos e culturais da sociedade a que pertence. A composição das famílias brasileiras, do ponto de vista demográfico, vem passando por várias alterações nas últimas três décadas. Apesar destas ocorrerem de forma diferenciada para as diversas regiões do país, alguns movimentos acontecem de forma geral, como a redução da natalidade e o aumento no número de anos vividos pelas pessoas. As famílias vêm se tornando menores e com maior número de idosos em sua composição e com problemas decorrentes do processo de envelhecimento. A vida em família é um processo de constantes rupturas, perdas e ganhos, apegos e desapegos, construção e reconstrução da trajetória de uma existência compartilhada. Segundo Andolfi (1993) “a família é um sistema ativo em constante transformação, ou seja, um organismo complexo que se altera com o passar do tempo para assegurar a continuidade e o crescimento de seus membros”. Atualmente, percebem-se mudanças significativas na esfera familiar. A família de “antigamente” era mais numerosa, mais rígida, com papéis mais estáveis e definidos. Em função disso, com um maior grau de hierarquia, cultivado e respeitado. O arranjo familiar era estável, mediante um casamento duradouro e longevo. A família atual é nuclear, mais flexível, o que proporciona uma mobilidade de papéis e uma hierarquia mais maleável. Todos assumem suas responsabilidades e seus direitos, trocam ideias, posicionamentos, proporcionando uma convivência mais compartilhada e relações mais estreitas e gratificantes, visando ao crescimento de todos. Os novos arranjos familiares, ao mesmo tempo que possibilitam perceber o casamento numa perspectiva de realização e prazer, exigem maior mobilidade de seus membros, principalmente do idoso, quanto às questões relacionadas a valores preestabelecidos que norteiam as relações. As novas interfaces das relações familiares permitem aos indivíduos vivenciarem, por mais tempo, seus papéis familiares. Estes em determinados momentos, sobrepõem-se. Então, essa nova experiência, conseqüência da longevidade, exige uma postura comportamental mais flexível e pró-ativa, que envolve iniciativa, questionamento positivo e planejamento, com vistas à mudança. O desconhecimento do processo de envelhecimento, por parte do idoso e das famílias, gera dificuldade de identificação: do idoso, que não se aceita e não se reconhece como velho, e da família, que não se identifica com o envelhecimento e tem dificuldades no manejo, ocasionando o isolamento. O que fazer então?
As diferenças de estilo de vida, quanto à formação , atividade, produtividade, a valores e outros, geram conflitos intergeracionais. Dessa forma, as famílias estão aprendendo , no convívio diário, a administrar essas questões. Se há todos estes conflitos, como as famílias e os seus idosos se relacionam? Primeiramente no convívio diário, o aprender vivenciando, na compreensão do momento de vida de cada membro. Compreensão é mais que entendimento é colocar-se no lugar do outro e assim entende-lo como único. Respeito por todos e por cada um e acima de tudo AMOR, enquanto ponte, caminho para todos os caminhos, sentido de vida, sentimento que transcende o tempo e o espaço. Um ambiente pleno de carinho e atenção em torno do idoso,juntamente com serenidade afetiva, favorecem o acamodamente emocional proveniente do envelhecimento. Na realidade, a vida dos idosos em famíliua ajuda a esclarecer a escala de valores humanos; faz ver a continuidade das gerações e de maneira maravilhosa a interdependência. Os idosos têm além disso, o carisma de romper as barreiras entre gerações antes que se consolidem. Deste modo, não apenas a cultura dos avós se insere na vida e nas famílias das novas gerações, mas também nessa “casa dos avós” se irá gerar novas contribuições pessoais valiosas que aumentam ainda mais essa cultura que eles transmitem. A prática dessa cultura original melhora o relacionemto e a educação entre os membros da família, além de ser uma proteção contra os apelos sociais de consumismo e individualismo. “Pensar família nos leva a considerar o espaço onde se dá a vida cotidiana. É nesse espaço que se processa a nossa existência; nele os mais velhos transmitem a história oral das famílias, os legados de cada geração, e é ai que se dá a articulação dos fatos históricos e a vida pessoal ( Medeiros, 2004, p190)”. Pode-se refletir, a partir disso, que, apesar das significativas mudanças experienciadas e vivenciadas pela família, ela continua no inconsciente das pessoas como o lugar da segurança e da felicidade. Precisamos, então, entender que a família é a junção de indivíduos cada qual a seu modo, e que este local , depositário de felicidade, precisa ser construído individual e coletivamente por seus membros, independente da idade cronológica. Desta forma o idoso tem um papel primordial na vivência familiar, devendo ser o marco de um passado, o porto seguro do presente e a ponte para um futuro melhor e com mais qualidade. * Isabel Marrachinho Toni é Bacharel em Psicologia, Especialista em Gerontologia Social, Coordenadora da Universidade da Terceira Idade de Caxias do Sul (UCS) - Rio Grando de Sul. – email: iamtoni@ucs.br |
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Publicado no Portal da Família em 26/05/2008 |
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