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Pílula do dia seguinte: prejudicial e pouco eficaz

Antonio Gaspari

O Dr. Renzo Puccetti analisa um estudo apresentado ao congresso nacional de ginecologistas

ROMA, 9 de outubro de 2008 (ZENIT.org).- Entrevista com o Dr. Renzo Puccetti, membro do grupo de trabalho da European Medical Association, autor do livro «L’uomo indesiderato. Dalla pillola di Pincus alla Ru 486», que, junto a outros especialistas, apresentou ao congresso ginecológico de Turim um estudo sobre a pílula do dia seguinte.

Quais são os principais resultados do seu estudo?

Puccetti: Nós realizamos um modelo interpretativo capaz de explicar o que sabemos há bastante tempo, ou seja, que os resultados esperados da difusão da conhecida «pílula do dia seguinte» fracassaram em conjunto na hora de reduzir, no âmbito populacional, as gravidezes não-desejadas e os abortos. Mostramos, através de análises quantitativas, que, querendo negar o possível impedimento da implantação do embrião que este medicamento leva a cabo, deve-se admitir uma eficácia real significativamente inferior à que comumente se acredita.

Segundo os nossos cálculos, além disso, a dilação na hora de tomar o fármaco tem em conjunto um impacto muito escasso; numerosos estudos não evidenciaram correlação entre eficácia e assunção.

A suposta urgência prescritiva é, portanto, na prática, uma instância fundada em dados de escassa relevância. Não cabe esperar nenhum incremento significativo de eficácia da venda do fármaco como produto livre, como tampouco se demonstrou melhora alguma na distribuição às mulheres para ser usado em caso de emergência.

A associação dos ginecologistas italianos pôs em andamento, há alguns meses, uma campanha de sensibilização no uso dos anticoncepcionais, dirigida em particular aos jovens, afirmando que esta é a melhor maneira de prevenir as gravidezes não-desejadas e o aborto. Você concorda com isso?

Puccetti: Felizmente, nem todos os ginecologistas pensam assim. Contudo, é verdade que se trata do reflexo de uma postura difundida que pode ser resumida no slogan «mais contracepção, menos abortos». Os fatos demonstram que se trata de um slogan falso. Mais de 40 anos após a introdução da pílula anticoncepcional, o número de abortos cresceu de forma espetacular, freqüentemente em maior medida precisamente nos países onde a cultura contraceptiva está mais difundida. Está a ponto de ser publicado um estudo nosso no qual, com números, mostra-se de forma muito sólida o fracasso da estratégia contraceptiva. Trata-se de uma realidade da qual, ainda que timidamente, também no mundo científico se está tomando consciência, como demonstra a crescente aparição de estudos que o apóiam. A afirmação de que é necessário recorrer à contracepção para reduzir as gravidezes não-desejadas e os abortos reflete no mínimo um escasso conhecimento dos dados da literatura médica, ainda que é possível que seja uma expressão de certo obscurantismo ideológico.

Por que você acha que existem estas resistências?

Puccetti: Não quero pensar em interesses de tipo econômico. Acho que se trata fundamentalmente de um grave erro conceitual.

Qual?

Puccetti: O de reduzir o ser humano à sua dimensão biológica, aceitando assim a idéia de que a sexualidade humana se identifica unicamente com a dimensão genital. Esta postura alimentou uma fracassada campanha tecnológica dirigida a garantir a possibilidade de um sexo livre, esquecendo que a liberdade é verdadeira quando desenvolve sua dimensão de responsabilidade.

Por que fracassada?

Puccetti: Porque são as pessoas, primeiramente as mulheres, que se rebelam contra esta perspectiva. Elas já provaram tudo; a busca de produtos teoricamente mais tolerados, mais fáceis de tomar e administrar não surtiu nenhum efeito. As mulheres se resistem a submeter-se por muito tempo à ditadura farmacológica tendente a atrofiar sua potencial fertilidade. Há muitos estudos atuais que confirmam isso. Depois de apenas 3 meses, quase a metade das mulheres não renova a prescrição contraceptiva; em um ano, a porcentagem diminui 15%. As formulações hormonais teoricamente melhor toleradas não têm efeito.

Verifica-se uma grande porcentagem de abortos em mulheres que durante o mês da concepção estavam utilizando anticoncepcionais. Quando a contracepção é suspendida ou o método anticoncepcional é trocado, as pessoas não mudam seus hábitos sexuais, plasmadas no comportamento contraceptivo assumido antes. Estes são alguns dos fatores que contribuem para tornar inapropriada a opção de regular a natureza.

Para concluir, o que você sugere?

Puccetti: É preciso deixar de proceder de forma ideológica; deve haver uma abertura à realidade: compreendê-la, não se deixar tentar por atalhos que só trazem problemas; passar, como diz o professor Noia, «da informação ao conhecimento».

O Nobel de Medicina, Alexis Carrel, afirmou certa vez que «muito raciocínio e pouca observação conduzem ao erro; pouco raciocínio e muita observação levam, no entanto, à verdade». Imagine qual seria o resultado quando se observa pouco e se raciocina mal.


 

Publicado no Portal da Família em 05/06/2009

 

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