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João Malheiro, educador
Coluna "Pinceladas Educacionais"

Os malefícios da pornografia para as pessoas e filhos

João Malheiro

Nos últimos anos pais e educadores tem motivos de sobra para se preocupar: a pornografia se expandiu muito, dentro e fora dos lares, na mídia impressa, na TV e na Internet. Conteúdos pornográficos podem interferir no amadurecimento sadio da capacidade de relacionamento das pessoas, é o que explica o Prof. Dr. João Malheiro, em entrevista concedida ao jornalista Marcelo Benittes da Revista Cidade Nova, em outubro de 2008, e que o Portal da Família publica a seguir.

O Prof. Dr. João Eduardo Bastos Malheiro de Oliveira é Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Diretor do Centro Cultural e Universitário de Botafogo no Rio de Janeiro (www.ccub.org.br) e participa da ONG Ação Cultural Educativa e Social (ACES), do Grupo de Pesquisa de Ética na Educação da UFRJ (GPEE/UFRJ) e das atividades de formação do OPUS DEI.

1. Há estudos científicos sobre os efeitos da pornografia?

Existem inúmeros estudos científicos sobre os efeitos negativos da pornografia. Um deles é o publicado pela Academia Americana de Pediatria, de Collins et al. (2004) (1) que constata que a exposição dos adolescentes ao sexo em programas de TV tem sido determinante na iniciação sexual dos adolescentes. Comprovou-se relação direta entre a assistência a conteúdo sexual na TV e a imitação de tais conteúdos pelos jovens.

No Brasil não é diferente. À medida que os modelos apresentados na TV, em ambientes de entretenimento como novelas, seriados e filmes, e até mesmo na publicidade são de infidelidade, sexo fácil, sexo grupal e promiscuidade, a criança e o adolescente tendem a associar somente o prazer da diversão à conduta apresentada, transformando aquela postura em estímulo. Uma vez assimilados aqueles modelos como referências, os jovens passam a experimentar socialmente a conduta ditada pela TV.

Outro importante fator entra em jogo: o ambiente televisivo passou a ser o grande ponto de encontro da juventude, o âmbito de inclusão de todos. A mídia televisiva é a grande sala de estar da sociedade. O jovem quer interagir socialmente e a pauta da mídia é assimilada por ele como a opção, fora do lar, para ser acolhido nessa grande sala de estar. As modas entre jovens refletem esse fenômeno.

2. Que sugestões o sr. pode dar aos pais e educadores para prevenir contra a pornografia? Qual deve ser a abordagem educativa quanto ao jovem que já é afetado pelo consumo da pornografia?

Em primeiro lugar, os pais devem procurar não dar a impressão de ficar chocados quando flagram um filho com material pornográfico nas mãos ou na internet, pois quanto maior for a nossa reação perante o fato, mais valor ele dará à pornografia.

O mais pedagógico é se abrir ao diálogo com o filho e convidá-lo a perguntar-nos o que quiser sobre sexo. O psiquiatra Vallejo-Nágera (2) indica que “Como é evidente que o sexo atrai a curiosidade de um jovem e este, hoje em dia, vem sendo bombardeado pela pornografia, deve-se procurar informá-lo de maneira educativa e natural sobre o sexo. Quando se é adolescente, é comum confundir sexo e amor. Revela-se extremamente positivo para o jovem que o pai e a mãe lhe expliquem a diferença que há entre ambos, e também que o façam ver que o sexo abrange muito mais do que o prazer puramente físico: amor, respeito, amizade e admiração para com a outra pessoa. Mas é preciso dizer-lhe que a pornografia é um meio sórdido e de conteúdo extremamente tedioso, distante da verdadeira realidade do sexo.

Por fim, é muito didático que os filhos se habituem desde cedo a reparar que os pais desligam a TV quando a transmissão não está de acordo com a ética ou que mudam de canal com o controle remoto diante de uma propaganda inconveniente, que procuram selecionar bem os filmes que buscam nas locadoras, informando-se antes nos sites que aconselham nesta matéria, e que usam a internet na sala de estar, evitando assim, com a ajuda da presença dos demais, que também eles – os pais - caiam na tentação.

3. A pornografia e a intensa sensualidade presente na mídia impressa, TV e Internet podem ser associados a distúrbios na área da afetividade?

Evidentemente que, quando o impulso sexual é estimulado precocemente nos jovens e eles não têm ainda a fortaleza para lhes ajudar a dizer NÃO, nem a prudência para apontar-lhes a verdadeira finalidade desse impulso – fim procriativo e fim unitivo –, naturalmente a satisfação sexual estará associada a uma finalidade errada – o satisfação do próprio EU, tornando-os mais egocêntricas do que já são – e a um vício sem lógica, que a levará a querer sempre mais, muitas vezes, até à exaustão e a desordens aberrantes, como eram os vomitórios romanos. Isto vai acarretando no atrofiamento da vontade – a qual só se desenvolve quando a afetividade é direcionada para o OUTRO – e conseqüentemente tornando o jovem incapaz para o amor, a felicidade e para a experiência da verdadeira liberdade. Uma sexualidade separada do amor traz a grande chaga do desamor: a incapacidade de se entregar a alguém, pois a pessoa simplesmente não desenvolveu essa potencialidade e essa linguagem na infância. Não entendendo a linguagem do amor, o sexo sempre será visto como fonte de mero prazer e, dentro deste contexto, fica fácil entender a explosão dos vários desvios afetivos que apareceram nos últimos anos na sociedade: homossexualismo, lesbianismo, etc., que não são nada mais do que buscas de prazer para si, dentro de um grande egoísmo mútuo.

Um último problema ligado à afetividade é que, quando o homem não é educado para o verdadeiro amor ou amor real, e se deixa iludir pelo mero amor sentimental, ele vai experimentando com o tempo um vazio existencial (Victor Frankl), pois nada o preenche. Este vazio gera depois várias desarmonias psíquico-existenciais como ansiedade, depressão, angústia, pois a vida vai ficando sem sentido. Depois, esses sofrimentos são ainda ampliados com as diversas contrariedades e dificuldades que a vida traz consigo. Como essas pessoas não estão preparadas para enfrentá-las, porque são fracas, sofrem muito com os diversos fracassos profissionais, familiares e até religiosos. Falta-lhes a força de vontade que só tem quem alcançou a força do amor, um amor que conseguiu pular a barreira do egoísmo, deixando-o para trás, e olhando para o transcendente. Em geral, aquelas pessoas vazias tornam-se, depois, uma autêntica cruz para os demais, pois suas fraquezas ou tristezas só são diminuídas quando conseguem fazer sofrer também aos que estão à sua volta.

4. Os conteúdos pornográficos, num limite extremo, podem interferir no amadurecimento sadio da capacidade de relacionamento da pessoa, no sentido de o consumidor de pornografia sofrer a tendência de ver todos (ou quase todos) relacionamentos humanos como possíveis relacionamentos sexuais?

Uma das máximas evangélicas diz sabiamente que serão felizes os puros de coração, porque verão a Deus. Quer dizer, portanto, que existem conseqüências positivas e negativas dependendo de aquilo para que nós olhamos, principalmente, se olhamos de fato, se calibramos os detalhes e não simplesmente vemos (deste último modo, o objeto não chega a entrar no coração). Uma pessoa que habitualmente “guarda a vista” contra tudo aquilo que estimula e excita os seus instintos sexuais ou ainda os desejos afetivos desordenados, não de uma forma negativa, repressora, de pura auto-contenção, mas, justamente o contrário, de forma positiva, afirmando os valores de pureza, amor e respeito, naturalmente manterá dentro de si uma capacidade para contemplar nos outros não só o próprio Deus – pois todos somos imagem e semelhança de Deus –, mas a pessoa em si, com toda a sua riqueza e individualidade.

Por outro lado, quando essa pessoa vai se acostumando a olhar tudo e de tudo, com o tempo a razão vai adormecendo, a vontade enfraquecendo, pois os estímulos e impulsos sexuais acabam sendo satisfeitos sem regras e limites, e se tornam sempre mais primitivos, animalescos e profundamente dominadores. Aquilo que parecia ser a opção mais livre, mais autêntica, na realidade é justamente o contrário, uma forma de escravização. Nestas condições, é natural que se perca rapidamente a dimensão da imensa dignidade da pessoa humana e que só se consiga ver no outro, com a visão obnubilada, um mero objeto de prazer e de satisfação egoísta. Um exercício, que dá bons resultados quando faço com os adolescentes que dizem não haver problema em olhar para qualquer mulher de forma maliciosa, é propor-lhes que imaginem sua mãe ou irmã, no mural da escola ou faculdade, em imagens mais ou menos degradantes, sendo ridicularizadas por todos os seus colegas. Em geral, caem em si ao perceber que é isso o que fazem quando compram uma revista pornográfica.

5. A pornografia pode diminuir a sensibilidade humana aos conteúdos espirituais da sexualidade, como, por exemplo, o amor pelo parceiro sexual? Ou seja, por meio do consumo da pornografia a pessoa pode ser levada a querer apenas o sexo pelo sexo?

Apesar de que, em parte, a pergunta já foi respondida no tópico anterior, poderia completar fazendo sobressair outro aspecto importante: a integração do sexo numa verdadeira antropologia exige que se verifiquem quatro dimensões essenciais: a procriativa, a afetiva, a racional e a espiritual. Só quando se dá essa integração é que se encontra o caminho de uma plena realização na atividade sexual. Portanto, quando um ato sexual é feito apenas com a primeira dimensão, – procriativa – é um ato puramente animal! Quando só leva em conta as duas primeiras, é preciso examinar qual é a qualidade e sinceridade desse amor. É sabido que, por mais que um casal diga que esse ato sexual é um ato de amor, muitas vezes é apenas um ato de amor-paixão, uma ação que ainda não alcançou os patamares do compromisso, que é racional (terceira dimensão); é muito mais um momento de egoísmo mútuo. Portanto, um ato dessa natureza tende a frustrar, mais cedo ou mais tarde, muitos casais de namorados, porque não saboreiam nunca o amor real, o único que preenche o coração, e por isso, muitas vezes, acabam nunca se casando. Concluímos, portanto, que o ato sexual feliz deve chegar à quarta dimensão, à espiritual.

Aristóteles afirmava que o verdadeiro amor não é a anulação da pessoa do outro, antes pelo contrário, o seu pleno reconhecimento, precisamente através da entrega própria. A entrega é a manifestação mais completa do respeito à dignidade do outro enquanto outro. Entregar-se é dar o bem próprio ao outro, quer dizer, o contrário de utilizar o outro para a própria satisfação. Para que isto seja possível, é necessário ter a capacidade de olhar para o outro de forma amorosa, como em todo olhar contemplativo. Esta capacidade, como demonstramos na resposta anterior, só será possível se ambos os que se amam não se degradam pela pornografia.

Infelizmente, uma grande maioria das pessoas, hoje em dia, não consegue alcançar nem a primeira dimensão, isto é, buscam o sexo por puro prazer. Têm presente apenas, talvez, a primeira dimensão “por negação”, ao não querer engravidar. E outras, pulando essa primeira dimensão, chegam direto na segunda, mas de forma defeituosa, porque não estando abertos à vida, com artifícios antinaturais, sempre fica duvidosa a entrega que ambos afirmam existir.

6. Pode ela também levar à busca do prazer egoístico, ou seja, durante o relacionamento, pensar apenas no próprio prazer, e esquecer a satisfação do parceiro?

Já respondemos também, em parte, na pergunta anterior, porém vale a pena insistir que o amor ao outro não está em lhe proporcionar prazer. A realização da pessoa humana está muito longe de ser uma mera realização sexual. Esta é apenas uma parte de um todo: quem se realiza, quem é feliz, é a pessoa em toda a sua integridade, composta de corpo e alma. Esta composição não é, pois, dualista, não são duas coisas unidas artificialmente. O corpo está aí para a alma, e a alma para o corpo. Tudo o que o homem é e faz é imputável ao homem inteiro, corpo e alma numa unidade substancial. A alma não é uma realidade boa aprisionada no corpo, como num cárcere, como escreveu Platão. A alma é humana, porque está unida ao corpo e ela, assim como suas operações, é mais perfeita quando está unida ao corpo do que ao estar separada, como ocorrerá depois da morte. Portanto, não existe nada no homem que seja só anímico, assim como não existe nada que seja só do corpo, como o sexo. Este é do homem na sua totalidade, e, desta forma, a sexualidade está a serviço do mais importante, que é o amor. Quando existe uma profunda visão da unidade do homem, compreende-se como a sensualidade – a prática simplesmente corporal do sexo – não é amor. E compreende-se também que, somente quando o sexo leva ao amor humano e, a partir daí, ao Amor dos amores, é possível dizer que o homem está no caminho da verdadeira realização matrimonial.

7. O consumo da pornografia tem um resultado progressivo, no início imperceptível?

O mal nunca é imperceptível no início! A consciência do homem, pelo menos nos primeiros anos, é muito gritante, e todos nós lembramos que as primeiras aventuras eróticas que vivenciamos na infância, seja por mera curiosidade, seja pelo mau exemplo de um amigo, sempre foram feitas no esconderijo e no anonimato.

Depois, como com qualquer vício, com a repetição desses atos ruins, a consciência vai se anestesiando e enfraquecendo um pouco suas repreensões. Mas a lei natural, que está escrita nos nossos corações, nunca se apaga.

Aristóteles diz que a nossa afetividade é movida tanto pelo apetite irascível (busca de bens árduos, mas realizadores), quanto pelo apetite concupiscível (busca de bens imediatos). Ambos exigem a presença das virtudes da fortaleza e da temperança, respectivamente, para moderarem e direcionarem esses impulsos. Quando essas virtudes não são desenvolvidas pelos pais e professores, desde a infância, a criança se habituará a ceder a todos os impulsos que lhe tragam um prazer fácil e imediato, sem se importar com os malefícios que isso lhe trará, e a fugir dos que lhe exigirão esforço e sacrifício. Naturalmente, a pornografia, que proporciona um forte prazer imediato, entrará inevitavelmente nesta dinâmica, e a busca por material pornográfico será sempre crescente e exponencial.

É interessante observar que o material que circula hoje em dia na internet, e mesmo dentro do mundo empresarial, é em grande maioria material erótico e apenas uma parte bem menor material profissional. Se a grande maioria dessas pessoas já está longe dos anos da adolescência e já deveria estar satisfeita em todas as curiosidades sexuais, é evidente que este consumo tende a crescer ao longo da vida, principalmente naquelas pessoas que não foram bem educadas nas verdadeiras virtudes e, com certeza, estão infelizes na vida e necessitam de compensações afetivas para se enganarem um pouco.

8. Pornografia vicia? Exige o consumo de conteúdos cada vez mais intenso?

O que foi dito acima já respondeu à pergunta, mas podemos completá-la simplesmente reiterando que, quando qualquer prazer material/sensitivo do homem não é protegido, vinculado e moderado pela razão – seja ela teórica ou prática – e ainda direcionado ou limitado pela educação da vontade, então o homem se animaliza e, como aponta o filósofo Joseph Pieper, se autodestrói. Assim como todo consumidor de drogas, quando é sincero, costuma afirmar que antes de chegar à heroína, passara pela cocaína, e antes pela maconha, assim também acontece o mesmo mecanismo na pornografia, pois o desejo do homem é ilimitado quando passa da “linha vermelha”.

9. A capacidade de cada um dos membros do casal, homem e mulher, de direcionarem seu desejo sexual somente, exclusivamente um ao outro, ou seja, a capacidade de serem fiéis pode ser afetada pela pornografia?

De tudo o que já expusemos, fica evidente que sim. Um aspecto em que São Josemaría Escrivá insistia com freqüência, quando falava com os casais, era que “o que mancha um menino, mancha um velho. Portanto, as pessoas adultas não podem ser ingênuas e acharem que adquiriram certa imunidade para assistir a certos filmes, revistas ou até para ler certos romances. A fraqueza humana, infelizmente, é uma das tristes realidades de nossos dias, e que, infelizmente, tem destruído tantos lares, muitos deles dos mais florescentes. Portanto, a concupiscência da carne não desaparece com o casamento e, se não for enfraquecida pelo amor mútuo entre os esposos, justamente por estar sendo alimentada dentro do próprio casamento, tende a ficar mais violenta e a buscar satisfazer-se alguma vez em ações ainda mais bestiais.

10. É possível associar o consumo de pornografia à vida sexual precoce?

Além do que já apontamos na primeira resposta, sobre os estudos científicos da Academia Americana de Pediatria, de Collins et al. (3), publicados em 2004, gostaria de trazer à tona uma pesquisa publicada em setembro passado – 05/09/2008 – pelo Jornal O Estado de São Paulo, no qual se afirma que usar a pílula do dia seguinte ou ter relação sexual com diferentes parceiros ao longo da adolescência são atitudes que fazem parte do cotidiano do jovem brasileiro de classe média com idade entre 13 e 16 anos. Essa pesquisa realizada com 6.308 alunos de escolas particulares de todo o País revela que 22% deles já perderam a virgindade. Nesse universo, de 1.383 jovens, 22,1% disseram já ter tomado a pílula do dia seguinte para prevenir a gravidez.

Além disso, 19% responderam que tiveram relações sexuais com pelo menos cinco parceiros (nesse item há uma diferença quando o dado é desmembrado entre meninos – 23,2% afirmaram que sim – e meninas – 10,4%). E 14% já fizeram sexo com alguém que conheceram pela internet.

No geral, 25% tiveram a primeira relação sexual aos 14 anos. A pesquisa foi realizada no primeiro semestre deste ano com alunos de 270 escolas particulares brasileiras que são conveniadas ao Portal Educacional, entidade responsável pela aplicação dos questionários. Maria Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan (entidade que desenvolve programas de educação sexual para escolas), explica que a pesquisa comprova o comportamento atual de que o jovem não pensa em ter uma pessoa para a vida toda, ao decidir-se por sua primeira relação sexual. "Eles transam pela primeira vez porque a pessoa é interessante naquele momento. Não é como antigamente, que a menina pensava em casar e ter alguém para a vida toda".

Associando os resultados desta pesquisa do Jornal O Estado de São Paulo aos do Estudo de Collins (1994), que constatava que a exposição dos adolescentes ao sexo em programas de TV tem sido determinante na iniciação sexual dos adolescentes e que comprovou também a relação direta entre a assistência de conteúdo sexual na TV e a imitação de tais conteúdos pelos jovens, é evidente que o consumo de pornografia na TV leva a uma vida sexual precoce.

11. Há notícias de casos em que a pornografia possa ter servido de estímulo a crimes na área sexual (como pedofilia e estupros) por parte de pessoas já predispostas, ou seja, portadoras de psicopatologias?

Um estudo realizado com 2486 adultos por Aberson, nos Estados Unidos, nos anos 90, levantou os seguintes dados: 49% afirmam que a pornografia incita à violência, 43% dizem que faz perder o respeito à mulher e 56%, que destrói as normas morais. Se a pornografia leva o homem normal a esses índices tão alarmantes, acredito que, para as pessoas que tenham predisposição para certas anomalias, essa pressão externa poderá disparar tais mecanismos psicopatológicos.

12. Disciplina e castidade podem ser, juntamente com o amor pelo parceiro sexual, um caminho para a felicidade a dois?

O novo Catecismo da Igreja Católica, ao se referir à castidade, afirma que “a castidade comporta uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e obtém a paz, ou se deixa subjugar por elas e se torna infeliz. O domínio de si mesmo é um trabalho a longo prazo. Nunca deve ser considerado definitivamente adquirido. Supõe um esforço a ser retomado em todas as idades da vida. O esforço necessário pode ser mais intenso em certas épocas, por exemplo, quando se forma a personalidade, durante a infância e a adolescência.”(n.2312).

Tendo em vista esta clareza de idéias do Catecismo, podemos concluir esta entrevista reafirmando a importância de (re)lançar, o quanto antes, uma autêntica Cruzada de educação da Virtude da Santa Pureza, despertando pais, professores, demais responsáveis pela educação da juventude, empresários dos meios de comunicação de massa, como também os próprios jovens, para que busquem somente ver aquilo que vale realmente a pena ver

Nossa inteligência tem fome de Verdade; nossa vontade busca desesperadamente o Amor, o Bem, a felicidade; e nossa afetividade tem ânsias de contemplar o Belo. Por outro lado, nossas paixões, por estarem desordenadas pela própria natureza, que nasce “estragada”, também exigem alegrias rápidas, mas quase sempre efêmeras e muitas vezes nocivas. Para conseguir superar esta dialética é necessário haver disciplina, hábitos bons, virtudes que devem ser adquiridas desde a mais tenra idade, pois somente assim será possível vencer a enorme pressão pornográfica que existe hoje, para então alcançar a verdadeira liberdade.

 

(1) Cf. Collins, Rebecca L.; Elliott,  Marc N., Berry, Sandra H.; Kanouse, David E.; Kunkel, Dale; Hunter, Sarah B., Miu, Ângela. Watching Sex on Television Predicts Adolescent Initiation of Sexual Behavior. Pediatrics. v. 114, n.3, p. 280-289, September 2004.

(2) VALLEJO-NÁGERA, M. Enciclopédia de la sexualidad y de la pareja. Madrid: Espasa-Calpe, 1991

(3) Cf. Collins, Rebecca L.; Elliott,  Marc N., Berry, Sandra H.; Kanouse, David E.; Kunkel, Dale; Hunter, Sarah B., Miu, Ângela. Watching Sex on Television Predicts Adolescent Initiation of Sexual Behavior. Pediatrics. v. 114, n.3, p. 280-289, September 2004.


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João Malheiro é doutor em Educação pela UFRJ e diretor do Colégio Porto Real, Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. É autor de vários livros como "A Alma da Escola do Século XXI", "Fortalecer a Alma da Escola" e "Escola com Corpo e Alma", da Editora CRV Ltda. É palestrante sobre vários temas de educação em colégios e universidades. Especialista sobre Valores e virtudes ética na escola. No final de 2017, lançou o seu quarto livro - A PRECEPTORIA NA ESCOLA. UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA DE SUCESSO, finalizando sua "tetralogia".

E mail: joao.malheiro@colegioportoreal.org.br

Fonte: Jornal Gazeta do Povo - seção Opinião - 23/09/2009

Publicado no Portal da Família em 08/04/2010

 

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