Portal da Família
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Filhos do
Consumismo
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Parece que as crianças estão sendo assediadas pela
publicidade e os pais se vêem pressionados a comprar de tudo para elas.
Além de escolher seus brinquedos ou suas roupas, agora
elas têm voz na escolha do carro da família ou do lugar onde passar as
férias. Segundo cálculos do Instituto da Criança, órgão que realiza estudos
sócio-econômicos sobre a infância, os pequenos franceses influenciam em
mais ou menos metade dos gastos familiares. Joël-Yves Bigot, diretor do Instituto da Criança,
ressalta: “Há dez anos, as crianças influenciavam o consumo a partir dos
5 ou 6 anos, e era necessário esperar até a escola média para que pedissem
um produto de uma certa marca. Hoje, começam a determinar o consumo aos
3 anos, e fazem questão das marcas a partir dos 6 ou 7 anos.” Isto se
deve, em primeiro lugar, a um relacionamento social que começa mais cedo.
“Na França – explica Bigot –, a criança é escolarizada
a partir dos 3 anos. Desde sua primeira experiência escolar, começa a
se comparar com os colegas: o que levam às costas, o que comem, o que
trazem no bolso. Seus primeiros pedidos surgem da comparação: tem inveja
das coisas que vê com seus companheiros.” Por outro lado, as famílias têm poucos filhos, e o filho único se torna quase um rei, com o qual se gasta cada vez mais com roupas e lazer, entre muitas outras coisas… por isso, mais que culpar o filho consumista, Robert Rochefort convida os pais a rever seu próprio comportamento: “A dedicação às crianças não pára de crescer”, afirma. Desde que a criança nasce, recebe o melhor, desde o leite até o berço. “Há vinte anos – prossegue Rochefort –, a televisão
fazia as vezes de babá; agora, os pais compensam sua ausência com mimos
materiais, em uma espécie de truque afetivo com que aplacam seu sentimento
de culpa latente.” Assim, pois, as crianças nem sempre são as únicas vítimas
do sistema, sentencia Rochefort. “São, sem dúvida, filhos do consumismo,
mas às vezes são mais críticos que seus pais.” Por exemplo, diz, as crianças
não se deixam manipular tão facilmente pela propaganda: rejeitam certos
produtos ou deixam de consumir outros. De qualquer forma, é preciso estimular o sentido crítico das crianças. Os pais podem fazê-lo, ensinando-lhes certos valores, mas precisam dar exemplo. Assim o resume Nicolas Lebrun, da União Nacional de Associações Familiares: “Na prática, nem sempre é fácil para os pais ensinar seus filhos a ser consumidores responsáveis, porque eles próprios não o são.”
Interprensa - www.interprensa.com.br - Edição 37 - Julho 2000 |
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