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Pornocultura

Carlos Alberto Di Franco
difranco@ceu.org.br

 

O crescimento da aids, o aumento da criminalidade e a escalada das drogas castigam a juventude européia. Para muitos jovens os anos da adolescência serão os mais perigosos da vida. Gravidez precoce, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, aids e drogas compõem a trágica equação que ameaça destruir o sonho juvenil. A dura realidade, também presente aí, no Brasil, deveria merecer uma reflexão mais desengajada e madura, sobretudo no momento em que o governo Lula pretende distribuir milhões de preservativos num pretenso esforço em defesa da saúde pública.

Segundo o porta-voz do Institute for Research and Evaluation, "é um erro acreditar que com mais preservativos se evitem os comportamentos perigosos".

Pesquisas revelam que adolescentes bem informados continuam tendo condutas sexuais de alto risco. A informação, despida de orientação moral, acaba sendo contraproducente. Na verdade, as campanhas de educação sexual, na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil, não têm sido capazes de neutralizar a influência do gigantesco negócio do sexo, que, impunemente, acaba determinando a agenda do mundo do entretenimento.

No caso do Brasil, a culpa não é só da televisão, que, freqüentemente, apresenta bons programas. É de todos nós - governantes, formadores de opinião e pais de família -, que, num exercício de anticidadania, aceitamos que o País seja definido como o paraíso do sexo fácil, barato, descartável.

É triste, para não dizer trágico, ver o Brasil ser citado como um paraíso excitante para os turistas que querem satisfazer suas taras sexuais com crianças e adolescentes. Reportagens denunciando redes de prostituição infantil, algumas promovidas com o conhecimento ou até mesmo com a participação ativa de autoridades públicas, crescem à sombra da impunidade.

O governo atual, à semelhança do anterior, assustado com o aumento da gravidez precoce e com o crescente descaso dos usuários da camisinha, investe pesado na distribuição do preservativo. A estratégia é inútil.

Afinal, milhões de reais já foram gastos num inglório combate aos efeitos. O resultado está gritando no assustador avanço da gravidez precoce. A raiz do problema, independentemente das iras que eu possa despertar em certos ambientes politicamente corretos, está na onda de hipersexualização que tomou conta do ambiente nacional. É ridículo levar um gordo a um banquete e depois, insensatamente, querer que evite a gula. Hoje, diariamente, na televisão, nos outdoors, nas mensagens publicitárias, só se fala daquilo. O sexo foi guindado à condição de produto de primeira necessidade.

As campanhas de prevenção da aids e da gravidez precoce chocam de frente com inúmeros programas de auditório que fazem do sexo bizarro uma alavanca de audiência. A programação infantil, outrora orientada por padrões éticos e educativos, passou a receber forte carga de violência e sexo. Desenhos animados, marca registrada de um passado não distante, foram substituídos pelo apelo erótico que domina, por exemplo, a programação do fim de semana.

Iniciação sexual precoce, abuso sexual e prostituição infantil são, de fato, o resultado da cultura da promiscuidade que está aí.

Sem moralismo, creio que chegou a hora de uma guinada. Depois nos queixamos da nossa imagem no exterior. Aqui, na Itália, pouco se fala do Brasil. E, quando se fala, infelizmente, o noticiário se reduz às ações do crime organizado e à miséria da nossa periferia. Limitam-se nossa cultura e nossa arte ao rebolado. É uma tristeza. O Brasil, não obstante suas terríveis chagas sociais, é uma nação emergente. É, sem dúvida, bom de samba. Mas é muito mais que o país do gingado, das mulatas e do carnaval.


Artigo também publicado no jornal O Estado de S. Paulo, de 13 de outubro de 2003

Carlos Alberto Di Franco, diretor do Master em Jornalismo para Editores e professor de Ética Jornalística, é representante da Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra no Brasil



 

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