Não é muito
comum encontrarmos um empresário que esteja disposto a promover
ou facilitar a realização de sonhos alheios, um dirigente
receptivo e motivado a transformar em realidade os sonhos dos funcionários.
Você conhece algum? Eu conheço.
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Sonhos...Quem não os tem?
Não me refiro àqueles que temos - e nem sempre lembramos
- ao dormir. Refiro-me aos sonhos de olhos abertos - geralmente mais freqüentes
que os outros.
Com relação a estes, sei de muita gente vive motivada pela
esperança de um dia ver seus sonhos se tornarem realidade.
- "Lute para realizar seus sonhos" - quem não
já ouviu ou leu isso antes?
- "Um Homem morre quando abre mão dos seus sonhos"
- idem.
Este tipo de sonho, por princípio, é algo considerado inatingível
ou irrealizável em função dos recursos, conhecimentos
ou competências que o "sonhador" tenha na ocasião.
Por isso mesmo, costuma ser algo que, no caso de algumas pessoas, já
passa a fazer parte do imaginário, da fantasia, do impossível.
Nem sempre os sonhos de olhos abertos têm a ver com fortuna, nem
com poder. Há pessoas que têm sonhos tão grandiosamente
simples e "pequenos", que para alguns é difícil
acreditar que possam ser considerados sonhos. Mas são - e são
enormes para quem os alimenta.
Vou resumir então o que todos os leitores já sabem e certamente
concordam: realizar sonhos é uma coisa importante pra caramba!
Da mesma maneira que os leitores, eu conheço um monte de gente
que se empenha ao máximo em transformar seus sonhos em realidade,
nem que para isso tenha que investir semanalmente suas economias numa
ou em várias modalidades de loterias existentes. O próprio
leitor, quem sabe, pode estar à espera da sua vez. Ou pode estar
correndo atrás dos seus sonhos de outra maneira. Sonhar, pois,
é comum.
O que certamente não é muito comum -
e foi isso que me motivou a escrever este artigo - é encontrar
alguém que esteja disposto a promover ou facilitar a realização
de sonhos alheios. Alguém que esteja receptivo e disposto a realizar
os sonhos de outras pessoas. Definitivamente isto não é
comum, principalmente se - como é o caso - estivermos falando de
empresários, dirigentes e homens de negócios.
Você, leitor, conhece algum? Eu conheço.
Certamente não vou fazer promoção pessoal do empresário
ao qual me refiro - e nem ele me daria permissão para isso. É
suficientemente humilde para ser grande ou vice-versa. Talvez só
seus amigos mais chegados e, claro, os funcionários da sua empresa
desconfiarão que este artigo refere-se a ele. Entendam-me: ele
não é filantropo, filósofo, dono de ONG nem missionário.
É um bem sucedido empresário que árdua e eticamente
compete com afinco no disputado mercado do seu segmento. Mas que se sente
o homem mais feliz do mundo quando pode contribuir para que algum dos
seus colaboradores realize um sonho considerado impossível. Seja
pequeno ou grande, mas que seja sonho.
E por que eu achei importante falar sobre este "fazedor de sonhos"
?
Porque este empresário é o exemplo vivo do que sempre defendi,
seja escrevendo nos meus livros e artigos, seja falando nas minhas palestras:
o sucesso de uma empresa ou de um profissional consiste em produzir,
promover e permitir a felicidade dos seus colaboradores para assim valorizar
e motivar a busca pelos resultados - que virão inevitavelmente
em conseqüência. Na minha modesta concepção,
é assim que se vence em qualquer mercado de trabalho. Para mim,
Vencedor é o dirigente que trabalha feliz e tem lucro. E
que consegue fazer de cada funcionário seu um também Vencedor,
dentro do mesmo conceito. Como resultado, a empresa torna-se uma
vitoriosa: lucrativa e feliz. Simples, não?
No final do filme "E.T. - O Extraterrestre" há
uma cena em que o médico se aproxima do garoto Elliot e diz-lhe,
depois de ter visto o alienígena.
- Esperei minha vida inteira por este momento.
Decidi escrever este artigo por que tenho vontade
de dizer a mesma coisa, cada vez que participo ou tomo conhecimento das
ações e decisões do meu amigo empresário "fazedor
de sonhos" dos seus funcionários.
Ele sabe, tanto quanto eu, que jamais ganhará um Nobel por isso,
nem mesmo um desses prêmios que as entidades de RH costumam distribuir
anualmente. Ele gosta do anonimato, ele se sente bem assim. Tudo o que
parece importar-lhe neste sentido, é saber ou perceber que conseguiu
fazer alguém feliz por ter realizado seu sonho. "Ninguém
é feliz sozinho!" - costuma dizer meu amigo.
Eu gostaria muito que esse meu amigo empresário
comparecesse a um desses solenes Encontros de Presidentes de empresas
e falasse das suas experiências como "fazedor de sonhos"
e, claro, dos crescentes resultados que vem obtendo a empresa que comanda.
Para mim seria uma ajuda fantástica nesta muito na missão
que há anos venho cumprindo, a de buscar humanizar as relações
no trabalho, a de conciliar felicidade com lucro, competitividade com
saúde e vida pessoal com vida profissional.
Mas sei que meu amigo jamais fará isso. É muito modesto,
tão modesto que ele próprio acha que não faz nada
de extraordinário e por isso nem gosta de receber elogios.
São assim mesmo os grandes homens, os vencedores. Não
buscam os aplausos e as ovações pelos seus méritos.
Certamente ele deve ter lido, em algum lugar, a mesma frase que eu li,
aquela que nos lembra que quando o Sol nasce e oferece um dos mais belos
espetáculos da Terra, quase toda a platéia está dormindo.
E nem por isso, mesmo sem aplausos, ele deixa de repetir diariamente o
seu show.
Deus lhe pague, Amigo "fazedor de sonhos". Não
só o mundo pessoal precisa de exemplos como o seu, mas também,
e talvez principalmente, o mundo corporativo.
Floriano Serra é psicólogo, escritor e palestrante, autor de vários livros e artigos sobre o comportamento humano nas empresas. Foi diretor de Recursos Humanos em empresas nacionais e multinacionais, recebendo vários prêmios pela excelência em Gestão de Pessoas. É autor de uma dezena de livros, como "A Empresa Sorriso" e "A Terceira Inteligência", e mais de 200 artigos sobre o comportamento humano - pessoal e profissional, publicados em websites, jornais e revistas, inclusive no Exterior.
E-mail:
florianoserra@terra.com.br
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