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Ines Rodrigues

Coluna "Do lado de cá"

Quando o crime não compensa

Inês Rodrigues
ines_rodrigues@hotmail.com


Londres e São Paulo: muito mais em comum que só o céu cinzento

Os ingleses andam preocupados com a violência em Londres. Pequenos furtos são numerosos no centro da cidade, principalmente nas áreas que os turistas adoram. Em estações de metrô famosas como Oxford Circus, Picadilly Circus ou Hyde Park Corner, há avisos dizendo que "batedores de carteira operam nesta área".

Dizer que eles "operam" é gentil, não é? Nas periferias, vira e mexe encontra-se um corpo em estado deplorável, assassinado com requintes de crueldade. Como manda a tradição dos crimes cometidos sob a névoa eterna que encobre a cidade e lhe dá um ar de mistério. Por isso personagens como Jack, o Estripador ganharam vida nas ruas escuras de Londres. O curioso é que os crimes da vida real costumam hoje ser julgados e punidos, além de mexer com a opinião – e o estômago – das pessoas.

Na semana passada, dois bandidos foram condenados à prisão perpétua. A sentença mereceu a cobertura de toda a imprensa. O crime: perseguiram um casal para roubar-lhes um Rolex. A coisa terminou mal e a mulher acabou assassinada. Que absurdo, tirar a vida de alguém por causa de um relógio. O povo, indignado, aplaudiu a condenação. E eles não poderão conseguir nenhuma atenuante até completarem 25 anos no xadrez.

Há poucos meses, outro caso tomou conta das páginas dos jornais. Uma pesquisa mostrava que o número de telefones celulares roubados em Londres havia se multiplicado no último ano. Você caminha pelas ruas, fofocando tranquilamente em seu aparelhinho, quando de repente, vupt!, um gatuno esperto passa a mão no telefone e sai correndo.

Dilvulgado o resultado da pesquisa iniciou-se o barulho. Protestos contra a falta de segurança na cidade cresceram, todos cobraram a polícia, o Parlamento, o Prefeito. "Onde está nosso direito à tranquilidade nas ruas?", bradavam os londrinos. Por algumas semanas houve discussões, trocas de acusações, sugestões vindas de todos os lados, tentativas de jogar a culpa aqui e ali. Depois, a solução: mudança na lei. De agora em diante, quem for pego e condenado por roubar um celular pega cinco anos no xilindró, sem atenuante.

E você deve estar pensando "roubos de celular, batedores de carteira, um só latrocínio? Isso é fichinha, fala para os londrinos baixarem aqui em São Paulo." Vai ver esse é o problema… Aqui as pessoas ainda se horrorizam com essas "pequenas coisas". E teimam em acreditar que o crime não compensa.




Inês Rodrigues é jornalista e tradutora. Já atuou nas seções de artes e música em diversas empresas de comunicação brasileiras, tais como Jornal da Tarde, Fundação Padre Anchieta, Editora Globo e Rádio Gazeta. Atualmente reside em Londres.

 


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