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Floriano Serra

Coluna "Em Família"
Sinto-me enamorado?

André Pessoa

 

Como é bom sentir que se ama!!! Que se é correspondido!!! Torna a vida leve, as contrariedades parecem menores, tudo o que fazemos fica impregnado de uma motivação especial.

O apaixonado se consome com uma ardência descontrolada, envolto em uma ansiedade que por vezes distorce a realidade. A paixão é como fogo de palha. Hoje é capaz de mover montanhas, amanhã se esfria sem motivo.

O enamorado mantém o emotivo mais estável. Os efeitos são semelhantes ao do apaixonado, porém com perfeita lucidez e domínio de si. Sua chama tenra e estável aquece interminavelmente a relação a dois.

A convivência faz surgir um forte sentimento de solidariedade ao outro, que cresce com o passar dos anos. Este sentimento se fundamenta nos valores que se construíram a dois. Solidifica a relação e coloca o casal em condições de enfrentar a adversidade. O "sentir-se solidário" é fruto da inteligência, pois busca suas razões no passado distante e em seus frutos, quais sejam, os valores que compartilham, defendem e preservam.

O enamorado, por outro lado, vive da satisfação do momento presente ou da recordação do passado recente. Por este motivo sofre forte influência da superfície, da brisa e das circunstâncias.

O risco que existe no matrimônio é que ele permaneça na superfície. O famoso verso de Vinícius de Moraes para o amor, que seja eterno enquanto dure, define como vivem alguns casais nos dias atuais, se deixam levar pela emoção e pelas circunstâncias.

O "sentir-se enamorado" sem dúvida alguma é condição para que nasça uma relação a dois. Mas o não sentir-se "mais" enamorado não é motivo para que o casal conclua que "não é mais eterno porque não durou".

O dia a dia está repleto de preocupações e pequenos conflitos desgastantes, que enchem nossa memória recente de más recordações. Adicionalmente, o foco de cada cônjuge pode eventualmente priorizar outros assuntos alheios à família. É portanto natural que hajam períodos de aridez.

A aridez natural do dia a dia é uma adversidade que o casal deve se esforçar por combater. Seja motivado pelo sentimento de solidariedade que tenha se desenvolvido a dois, seja pela força de vontade ou pela lucidez, isto é, pelo domínio que inteligência de cada cônjuge tenha sobre o emocional.

Enquanto o "sentir-se enamorado" é um sentimento que nasce espontaneamente da emoção, o "manter-se" enamorado nasce da vontade.

Amar é "querer" manter-se enamorado... é se esforçar, ser criativo, buscar motivos. Também fundamenta suas razões nos valores que se construíram a dois. O amor requer, portanto, maior densidade de cada cônjuge no esforço de re-alimentar a memória recente com bons momentos a dois.

Pais juntos sob o mesmo teto é essencial para a formação dos filhos. Melhor ainda se vivem em um ambiente familiar de pais enamorados.

Qualquer que seja a idade do matrimônio, ter iniciativas na busca de bons momentos com o cônjuge, sair para namorar, desfrutar uma viagem, trocar um pequeno telefonema durante o expediente, jantar à luz de velas é muito mais importante para a família do que alguns imaginam... é preservar o amor... é querer amar.




André Pessoa é pai de seis filhos, Mestrado em Orientação Familiar por Navarra, ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995; Graduado pelo IME (Engenharia), Pós-Graduado pela PUC (Administração), FGV (Contabilidade Gerencial), ISE (Programa de Treinamento de Executivos) e Navarra (Orientação Familiar); Consultor da Accenture.
e-mail: andre.v.pessoa@gmail.com


 

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