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André Pessoa

Coluna "Aos Jovens"

AUTORIDADE

André Pessoa

A autoridade dos pais é um direito natural conferido por Deus e reconhecido pela sociedade. Mas, muito mais do que um direito, é um dever ou responsabilidade que os pais contraem frente àqueles que lhes conferiram o citado direito. Esta autoridade equivale à capacidade de mandar, proibir e decidir. Os filhos serão eternamente agradecidos aos pais pelo exercício da autoridade, pois deles terão aprendido com clareza e com carinho o que é certo e o que é errado.

Há um século o estilo predominante era o do vaidoso pai mandão. Exerce sua autoridade com tal zelo, que absorve parte da autoridade da mãe, por culpa de seu forte temperamento, ou por culpa da pusilanimidade da mãe. Mas no mundo moderno é mais freqüente o inverso, o debilitamento da autoridade paterna, agravada por um distanciamento progressivo do pai do lar, quase sempre por motivos de trabalho. A ausência física acaba por provocar abatimento moral, desinteresse, abandono ou delegação irrestrita da autoridade para a mãe. Este caso desdobra-se, algumas vezes, no debilitamento duplo de autoridade, quando a mãe se ausenta pelo mesmo motivo, com delegação à avó ou babá. Um quarto desajuste possível são as ânsias, por parte de algumas mães, de posse territorial, assumindo o lar como seu feudo, buscando para si, todas as funções familiares, incluindo a educação.

A autoridade dos pais é sadia na medida em que ambos a compartilham equilibradamente e se complementam ao exercê-la. Cada um tem estilo próprio de exercer a autoridade, que deve ser respeitado e potencializado, na pressuposição de que os cônjuges se aceitam reciprocamente como pessoa, e que cada um deseja que o outro seja livre. Conflitos e disputas nesta área podem desprestigiar os pais perante os filhos e a conseqüência será o enfraquecimento da autoridade de ambos. Esta mesma autoridade permanece sadia se é educativa, adaptando-se à cada fase do desenvolvimento e amadurecimento das crianças ao longo dos anos.

O prestígio é fundamental a quem quer que queira exercer autoridade. O prestígio pode fazer de uma pessoa um líder, ou desacreditá-la caricaturescamente.

Os pais levam grande vantagem de início, pois são admirados como heróis pelos filhos. Mas os defeitos dos pais são logo percebidos, desde a tenra idade. Serão, entretanto, eternamente respeitados, se os filhos notarem que os pais lutam por adquirir virtudes do bom-humor, da serenidade, da sinceridade, da fortaleza, entre outras. O pai se faz respeitar em casa se é homem de uma só peça, se igualmente se faz respeitar profissionalmente, entre os amigos, no lazer, etc. O que prestigia um homem é a luta que trava consigo mesmo para ser melhor, para crescer, para ser virtuoso.

O homem desprestigiado perde força moral de exigir, pois demonstra não ser exigente consigo próprio. Para se fazer "amigo" dos filhos, barganha concessões... fazendo-se "carroça em vez de locomotiva".

O homem que luta por crescer interiormente não cede onde tem que ser firme, não se envaidece e nele predomina o afã de serviço. Sabe que a autoridade significa responsabilidade e muito trabalho, pois reconhece que muitos dependem dele, de sua disposição, de seu autocontrole, de sua força interior.

O homem que se coloca à disposição daqueles que dependem dele, ganha simpatia, é por eles estimado e por isso tem "autoridade".

Os pais que exercem sua autoridade na família através do serviço, fazendo-se às vezes tapete macio para estimular, e outras vezes cascalho intransigente por defender a verdade moral, dão segurança às passadas dos filhos, fazendo-os grandes seres humanos.


 

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André Pessoa é pai de seis filhos, Mestrado em Orientação Familiar por Navarra, ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995; Graduado pelo IME (Engenharia), Pós-Graduado pela PUC (Administração), FGV (Contabilidade Gerencial), ISE (Programa de Treinamento de Executivos) e Navarra (Orientação Familiar); Consultor da Accenture.
e-mail: andre.v.pessoa@gmail.com

 

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