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A COROA DO AMOR

Norma Emiliano

"Uma pessoa para compreender tem de se transformar". Saint-Exupéry

 Na infância damos os primeiros passos em direção ao outro. Esse outro, além das fronteiras familiar.

Lembrar dos primeiros dias de escolas traz as lembranças do medo de chegar mais perto, de não saber como se comportar! Entretanto, traz também as lembranças do despertar para a alegria de compartilhar no recreio. Lembrança das rodas de meninas e dos meninos, muito ressabiados, que ficavam ao longe. Muita alegria, em meio a tantas incertezas.

No desenrolar da vida, vamos traçando vários elos. De fase em fase, cruzamos nossos caminhos com vários personagens. Alguns viram ídolos, desafiam nossos limites; outros nos traem, desafiam nossos valores; outros nos aconchegam, nos protegem, desafiam nossas lealdades familiares. Ah! Os amigos chegam e alguns se vão. Mas, as lembranças permanecem no traçado da nossa história.

A cada momento de nossas vidas, encontramos pessoas. É freqüente, classificarmos e qualificarmos de bom ou mau aqueles que nos chegam. No censo popular, "nada acontece por acaso", "o universo conspira", ou seja, há a sinergia. Assim sendo, de certa forma, elas acabam desempenhando uma função para nós.

O sentimento brota! Não sabemos porque gostamos tanto de estar perto de alguns e, de outros, gostaríamos de fugir. Mas, o transcurso do tempo nos faz perceber que lidar com esses sentimentos é uma forma de aprendizagem. Normalmente, o que nos incomoda no outro é algo que não gostamos em nós. Assim, essas pessoas nos permitem que confrontemos nossas dificuldades pessoais.

Alguns indivíduos lamentam por viverem sós, lamentam não ter, além dos vínculos familiares, outras redes. De acordo com Joseph F. Newton " as pessoas são solitárias porque constroem paredes em vez de pontes . Somando-se a isso, de acordo com James Frederick, " a grande parte da vitalidade de uma amizade reside no respeito pelas diferenças, não apenas desfrutar das semelhanças ".

Cada amigo é um novo mundo. Quantas descobertas podemos fazer sobre nós! É nas diferenças que enriquecemos o nosso repertório e podemos nos flexibilizar para a vida, que é constante mudança. Buscamos afinidades, mas vamos encontrar as diferenças pessoais, pois cada ser é único.

É na dualidade Eu e Você que os vínculos se originam, mas nada nasce pronto. Os relacionamentos são construídos dia a dia por ambas as partes. Portanto, é na compreensão de si mesmo e do outro, na troca de informações, de emoções que podemos crescer; na passagem do tempo, no suceder dos acontecimentos aprendemos a perceber e a valorizar os encontros e as amizades.

Quando não há a "mesquinhez" das almas, os relacionamentos são coroados com o amor e a sua mais "pura" expressão encontra-se na amizade.




 

Norma Emiliano é Terapeuta de Família e Assistente Social, e mantém a homepage Pensando em Família.
( http://www.pensandoemfamilia.com.br)

Publicado no Portal da Família em 24/08/2006

 

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