Portal da Família
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Como ensinar a vida para a criança através dos contos |
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Blanca Jordán de Urríes |
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Contos para ler e contar: enriquecidos com “ferramentas práticas”, contos alegres e formativos valorizam os sentimentos e o amor Blanca Jordán de Urríes publicou, na Espanha, o livro “Como ensinar a vida para a criança através dos contos”, que contém contos inspirado em várias obra de Alfonso López Quintás, Catedrático de filosofia da Universidade Complutense e fundada da escola do Pensamento e da Criatividade. Neste artigo, apresentamos algumas informações sobre o livro e um dos contos.
Nunca até então tinha me inteirado à filosofia de maneira tão entusiasta como quando conheci a obra do Professor Alfonso López Quintás. Sua filosofia é viva. Resume alegria. Positiva e tremendamente formativa e prática. Como algo tão maravilhoso pertence apenas ao mundo dos adultos? Por que não podia chegar às crianças ? E assim nasceu a idéia: Levar sua obra às crianças, em forma de contos. Qual é seu objetivo? É um antídoto à cultura do desamor, empenhada em enganchar a criança com personagens grotescos, vulgares, feios, amedrontadores, e pouco exemplares. Este livro trata de formar a criança que, através das 13 narrações, imagina um mundo fantástico e em harmonia, que lhe ajuda a viver: Aprende a compreender a relação de tudo o que foi criado, em Clementina e a Chuva; a querer seus amigos, as plantas, os animais, através de A Solidão de Pedrinho; a utilizar uma linguagem nascida do amor, como em A Violeta e a Estátua; a deixar de ver televisão ou de jogar para ajudar a mamãe, da mão da astuta Lucila, a protagonista de O Cogumelo em Conserva; a apreciar a beleza, com Lúcia, nos Os Tulipas de Don Cosme; a entreter-se com um simples pau, como Crisália, a protagonista de O cabo de uma vassoura, a não querer ter tudo, como Valentina, em Que Sol!; a amar, como A Patata do Coração; a cumprir com gosto o dever de ir à escola, através de Mariela em A voz em Lata; a ser generoso como A Pequena Andorinha; a dizer sempre a verdade, como lhe ensina Trikimilin e Sacamantecas; a querer a família e o lar, como aprende em A Travessia da Pequena Igreja; a sorrir, em O Sorriso das Pedras. A quem está dirigido este livro? A pais, educadores e professores, para que o leiam para a criança de 3 a 10 anos e aprendam a formá-lo, com seu ensinamento, em uma pessoa íntegra no mundo que lhe toca viver. O que consiste cada conto? Na primeira parte:
Na segunda parte:
Recomendações para um bom uso: - Para que seja efetivo o ensino da narração e colocada em prática, a criança tem que interiorizá-la e fazê-la sua. Este processo leva um tempo. Por esta razão, convém que trabalhe apenas com um conto cada duas semanas. - Leia com MUITÍSSIMA ENTONAÇÃO: a narração, o comentário e as perguntas. - Seja constante na realização do exemplo prático. - O teatro é um meio maravilhoso para que a criança assimile facilmente a mensagem do conto. Durante o fim de semana ou nas férias lhe proponho que coloque em cena alguma narração. Para facilitar esta tarefa aparece o elenco de personagens.
CLEMENTINA E A CHUVA “AS RELAÇÕES”“Em uma torneira posso beber água quando tenho sede. Não vejo brotar a água da mãe terra. Nada há de natural na torneira; tudo é produto do artificio humano. Poderia pensar se isso nos distancia da natureza e de seu poder simbólico. Mas a verdade é que a torneira também é fruto de uma confluência de realidades e acontecimento diversos: a pessoa ou grupo de pessoas que idealizou esse sistema de fornecimento de água, a sociedade que projetou e realizou as instalações necessárias para obter água, purificá-la, conduzi-la a seu destino ... Ao inclinar-me para a torneira e beber, me sinto sem vinculação direta com uma infinidade de pessoas e instituições e uma série de realidades naturais e artificiais: rios, aquíferos subterrâneos, pântanos ... Este sentimento de vinculação é promovido em boa medida por uma realidade tão prosaica como é uma torneira, que ganha dessa forma um poder simbólico.”Cfr. Alfonso López Quintás. A arte de Pensar com Rigor e Viver de Forma Criativa. Associação para o Progresso das Ciências Humanas, Madri 1993, pp. 331-332. Personagens:
Clementina e a Chuva Clementina era uma menina que passava as féria em um país onde chovia muitíssimo. Com freqüência olhava pelo vitrô do banheiro, com a esperança de que o Sol surgisse. “Que raiva! – pensava -: Meus primos da Espanha me dizem que no verão vão à praia, à piscina e é maravilhoso. Em troca, eu aqui estou aborrecidíssima, sem sair”. O relógio marcava 18:00 hrs e vovó se balançava na rede. Apenas o barulho da tormenta perturba aquela paz infinita. O jantar estava disposto na grande mesa: sopa e peixe. Ninguém falava, exceto a Colher e o Garfo: “Não me estranha – disse o Garfo - a cara tão aborrecida da Clementina. A pobre passava uma das férias das mais tediosas com sua Avó. E, além disso, chove todos os dias. “ Pela noite, Clementina decidiu escrever à Chuva: “Querida Chuva, estou farta de você. Por sua culpa passo todo o dia fechada na casa de minha Avó, sem sair. Lhe ordeno que vá para muito longe daqui”. No dia seguinte, Basília, a antiga empregada da casa, deu a Clementina uma carta: “Pegue, chegou para você”. A menina subiu rapidamente as escadas de dois em dois degraus. Que rapidez se deu a Chuva em responder!: “Querida Clementina: Sinto que está tão aborrecida, mas não posso deixar de chover. As árvore deste país secariam e não haveria colheita. O milho necessita de água e os agricultores necessitam do dinheiro da venda do milho para viver. Com esse dinheiro compram a carne dos animais, que pastam o verde que cresce nos campo graças a minha água. Também compram as roupas que as fábricas fazem com o algodão que floresce nos campos graças a minha água. Com muito carinho e esperando que compreenda o que lhe digo me despeço: A CHUVA. Clementina fechou a carta em um golpe, enfurecida, e começou a dar volta sobre si mesma, mordendo-se as unhas. “Não pode ser. Colher. Garfo! Venham aqui”. “O que quer, Clementina?” “Temos de parar a chuva seja como for. Não estou disposta a passar toda as minhas férias com chuva”. “Mas, Clementina, isso é muito perigoso” – disseram a Colher e o Garfo. “Nem mais nem menos. Já me ocorre uma idéia. À noite abriremos o velho poço. Que é muito profundo, e chamaremos ao Vento, farto da Chuva, que a meterá no poço. E, no dia seguinte, chamarem ao Sol, para que brilhe e evapore toda a água do país menos a do chuveiro e das torneiras, onde tomo banho todos os dias ...” E assim o fizeram: Pela noite saíram Clementina, a Colher e o Garfo, abriram o velho poço e gritaram: “Vento, Vento!”. “O que quer, Clementina?” “Puxe a Chuva para o poço.” “Oh, que bom! Com prazer!” – respondeu o Vento. ... E em uma hora deixou de chover. Clementina estava feliz. Colocou o despertador às 6:00 hrs para chamar o Sol, e foi dormir. Triiiiiiiinnnnnn, Clementina deu um pulo e se aproximou à janela para chamar ao Sol. “Sol, acorde!”. “O que foi? Quem está me chamando?” “ Eu, Clementina.” “O que quer? – perguntou o Sol bocejando -. Hoje não posso sair. É necessário que chova todavia um mês seguido até que o milho cresça, para que eu brilhe e seque os campos, que os agricultores têm que recolher.” “Eu já sei - disse Clementina -. Mas é que a Chuva está doente e me pediu que lhe pedisse para você sair. “É mesmo?” “Sim, sim “ – afirmou a menina. O Sol brilhava e brilhava tão intensamente que Clementina parecia feliz e radiante. Tomava banho todos os dias na represa. Estava até moreninha e costumava dizer à Colher e ao Garfo: “Vêem como foi bom? Se não paro a chuva o curto mês das minhas férias seriam debaixo de chuva!”. Vovó começou a preocupar-se: “Não chove. Se continuar assim, este ano vamos quebrar. Do que viveremos?”. Á casa começaram a chegar camponeses alarmados e assustados: “A chuva não vem, e minha horta está secando. Sem as verduras, minha família morrerá de fome. Com elas, minha mulher fazia conserva. É a única coisa que tenho para comer no inverno”. “Meu milharal está se secando. Este ano não poderei comprar roupas para meus filhos.” “Meus animais estão morrendo não têm o que beber ...” Clementina parecia alheia a todas estas lamentações. Ela continuava encantada nadando em sua represa. Mas num dia, que, como de costume, subia para tomar banho, começou a notar algo que lhe queimava nas costas. Não deu nenhuma importância e foi dormir. Na manhã seguinte desceu parar tomar café, e a Colher e o Garfo lhe disseram horrorizados: “Clementina, Mas ... O que lhe aconteceu?”. “Comigo?” – pergunto espantada a menina. “Sim você. Está toda empipocada”. O médico veio em seguida à casa e diagnosticou: “Clementina tem uma doença muito perigosa e contagiosa por ter se banhado em água estancada. Deve fazer repouso e não sair em todo o resto do verão para fora de casa.” Clementina ficou tristíssima. Essa noite dormiu. No dia seguinte, Basília, que viu que não estava bem, lhe levou o café da manhã ao quarto: “Clementina, trouxe-lhe o leite, torradas, o remédio, que o médico lhe receitou e um copo de água para que tome”. Clementina se ergueu semiadormecida e trouxe o remédio com o copo de água. De imediato começou a gritar. “Socorro! Basília, me trouxe um copo com um sapo dentro. Que nojo! Socorro!” “Lhe ajudarei”. E lhe fez beber na marra até que o sapo saiu. A Avó, inteirada do êxito, correu para ver Clementina: “Clementina, eu disse ao prefeito que não beberemos água da torneira, já que as caixa d’água estão cheias de cobra e sapos porque não chove”. “Vamos morrer de sede – disse Clementina soluçando - E eu tive a culpa, vovó! Como desejava tanto nadar no reservatório e estava tão aborrecida, enganei o Sol, me aliei com o Vento e raptei a Chuva no poço. Não entedia por que, durante este mês tinha que chover, justo quando eu vim para cá. Estou tão arrependida de não ter dado importância ao que me disse a Chuva!” A Avó disse: “Clementina, você fez muito mal, mas, se você se arrependeu, tire a Chuva do poço e peça-lhe perdão, e, ao Sol, conte-lhe a verdade, para ver como tudo se arruma”. Clementina foi correndo com a Colher e Garfo ao poço e gritou: “Chuva, chuva, perdoe-me!”. “Corra rápido – respondeu a Chuva - tire-me daqui, mas antes fale com o Sol, pois senão não posso sair”. “Sol, Sol!” “O que quer, Clementina?” “Menti para você – confessou a menina -. A Chuva não estava doente. A fechei para desfrutar da água do reservatório. Você tem que partir ...” “Fez bem menina - disse o Sol -. Freqüente cataclismo organizou ... Vá tranquila, que, quando a Chuva sair eu irei embora”. Clementina correu apressadamente ao Vento: “Por favor, ajude-me a tirar a Chuva do poço”. “Não sei – disse o Vento -. Me dá um pouco de receio. A Chuva vai me pegar. A verdade é que estou cansado de dançar todo o dia de um lugar para outro. Estou com os ossos úmidos.” “Chuva – disse Clementina -. Você perdoa o Vento?” “Claro. Mas venha!, tire-me daqui, que não há tempo a perder.” O Vento empurrou a Chuva, que saiu do poço. Os camponeses do lugar comemoraram fazendo a maior festa: A CHUVA VEIO. Clementina se curava lentamente de sua doença. Agora lhe encantava passear debaixo da Chuva.
Qual foi a lição de Clementina e da Chuva? - A vida é a relação de uns elementos com outros que se necessitam entre si. - Tudo o que nos rodeia, por menor que seja, tem um razão de existir e é importante. - Devemos agradecer porque o outro existe. - A criança aprende que algumas de suas condutas lhe trazem más conseqüências. Como inculco este ensinamento na criança? Comentários que podem ser feitos durante a leitura:
Perguntas: “Por que é tão importante a chuva”? “O que acontece quando Clementina rapta a chuva?” “Por que Clementina ficou empipocada?” “O que acontece quando tira a Chuva do poço?” Exemplo prático: Compre uma plantinha e peça para que a criança lhe coloque um nome, como por exemplo Cláudia, e cuide dela com esmero. Ao cabo de duas semanas Cláudia estará resplandecente. É o momento ideal para explicar à criança:
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Publicado no Portal da Família em 10/10/2006 |
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