Portal da Família
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De que é feito o coração do líder? |
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Floriano Serra |
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Sempre que me encontro numa hora e num lugar tranqüilos - como nos fins de tarde na praia ou no campo -, aproveito para pôr em dia meu bate-papo com o Anjo. Num desses dias, depois de um desabafo meu a respeito da dureza do coração dos Homens, Ele me disse: - Sabe, meu caro, há dois tipos de corações humanos: os de Pedra e os de Látex. Na verdade, todas as pessoas nascem com coração de Látex. Com o passar do tempo, elas aprendem coisas inadequadas e aqueles corações podem se tornar de Pedra. - Com todo o respeito, nunca ouvi falar nada a respeito, nem li nada sobre isso... - Certamente que não. Algumas coisas os humanos só aprendem quando crescem. Não quis questioná-Lo mais, até para não interrompê-Lo. Ele continuou: - Pedra não se expande. As pessoas com coração de Pedra são duras como pedra. O coração delas é solitário, porque, como a pedra é dura e não se expande, não cabe ninguém dentro para compartilhar. Esse coração não pode dar abrigo a ninguém, só ao seu dono. Por isso, elas são pessoas egoístas, insensíveis, só olham para o próprio umbigo. Fiquei pensando nas pessoas que eu conheci desde a infância e que poderiam ser classificadas no tipo Coração de Pedra... Surpreendi-me ao identificar muita – mas muita! – gente. Ele continuou: - O Látex, ao contrário da pedra, tem uma enorme capacidade de expansão. As pessoas com Coração de Látex recebem e acomodam muita gente dentro dele. É um coração coletivo, um verdadeiro condomínio de corações. Estas, são pessoas generosas, solidárias, que sabem compartilhar, sabem dividir espaço por amor e respeito aos outros. Sua felicidade não é completa se não puderem compartilhá-la com os outros. - Mas se é tão ruim assim ter Coração de Pedra, por que algumas pessoas, ao perceberem isso, não o transformam em Látex? - Porque ou não sabem que podem mudar ou porque não querem mudar. Os que idolatram o Poder, por exemplo, sabem que podem mudar mas não querem, porque lhes agrada mandar, exigir, impor, reprimir, agredir – sem culpa, nem remorsos. São egocêntricos, arrogantes e centralizadores, - Deu um longo suspiro e arrematou: - Eles nos dão uma canseira... - E as pessoas que não sabem que podem mudar? - Essas pecam por apatia ou alienação. São pessoas que passam anônimas pela vida, apenas vêem as coisas acontecerem e nada fazem para mudá-las. São sempre espectadoras do espetáculo da vida. Apegam-se às rotinas, ao comodismo, ao conforto e têm um medo enorme de mudanças. Não se apaixonam, não tentam, não arriscam, não questionam – não querem sair da zona de conforto. Ficamos em silêncio por um longo tempo. Fiquei pensando nas coisas que Ele havia dito. Nesses momentos, conforme estivesse na praia ou no campo, eu fixava minha atenção no som cadenciado das ondas ou no também ritmado canto dos pássaros. Sempre achei que ao cair da tarde, essas coisas são mais lindas que durante o dia. Após essa pausa, lembrei-me de perguntar: - Você disse ainda há pouco que algumas coisas os humanos só aprendem quando crescem. Mas não estamos falando de adultos? De executivos? De líderes, empresários, políticos, autoridades? Nunca vou esquecer o olhar que Ele me dirigiu, antes de responder à minha pergunta e desaparecer. Não sei até hoje se estava irônico ou triste: - E você acha mesmo que todos os humanos adultos cresceram? Aprendi ali que o crescimento humano não é medido pela estatura do corpo, mas pela capacidade de expansão do seu coração. |
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Floriano Serra é psicólogo, escritor e palestrante, autor de vários livros e artigos sobre o comportamento humano nas empresas. Foi diretor de Recursos Humanos em empresas nacionais e multinacionais, recebendo vários prêmios pela excelência em Gestão de Pessoas. É autor de uma dezena de livros, como "A Empresa Sorriso" e "A Terceira Inteligência", e mais de 200 artigos sobre o comportamento humano - pessoal e profissional, publicados em websites, jornais e revistas, inclusive no Exterior.
Publicado no Portal da Família em 11/01/2007 |
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