Portal da Família
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COMUNICAÇÃO DEFENSIVA |
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André Pessoa |
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O maior índice de morte por acidentes é o das estradas, sendo este o motivo de existirem as campanhas de educação do comportamento no trânsito, e os "cursos de direção defensiva" em algumas empresas. Procura-se motivar aos motoristas que permaneçam alertas, atentos aos demais, para que evitem situações de risco, ou para que, com reflexos aguçados, tenham tempo de reagir ao perigo. É bom que permaneçamos alertas quando se trata de segurança, mas em outras situações pode não ser. Se estivermos conversando com alguém, e o outro se coloca em guarda, ocorre o fenômeno chamado comunicação defensiva, e que faz com que uma das partes se feche totalmente ao diálogo. Em família é um desastre, pois provoca atritos desnecessários, enfraquecendo seus vínculos e a sua eficácia. O estado de incomunicação pode chegar a tal ponto que, ao menor gesto do primeiro, a reação do segundo é tal, que inibe qualquer possibilidade de que algo seja dito ou escutado. Isto decorre da comunicação habitual deficiente, posturas e expressões inadequadas, que se avolumam à intolerância. Na grande maioria das vezes tais posturas não são propositais, o que é lamentável, pois poderiam ser evitadas com um pouco de esforço a favor de um benefício incomensurável. O tom de voz, ou as palavras escolhidas podem dar a impressão de que se está julgando o ouvinte, e este se fecha. Isto ocorre quando utilizamos, por exemplo, as palavras sempre e nunca. Você sempre faz isto... você nunca faz aquilo, etc. Há que se evitar a qualificação desnecessária dos atos, recorrendo-se à neutralidade ao solicitar informação ou emitir comentários. Ao abordar um problema, podemos dar a impressão que estamos querendo ser impositivos, ou que há ânsias de assumir o controle da solução, o que coloca o outra na defensiva. O ideal seria primeiro levantarmos juntos os fatos, sem antecipar julgamentos ou soluções, para que, então, ambos possamos concluir juntos. O outro pode ter a impressão de que você está representando um papel. De que, na melhor das intenções, você se informou previamente, planejou um discurso, estudou como dissimular um determinado comportamento, com fins de alcançar uma segunda intenção. Devemos evitar o uso de estratégias para abordar os nossos familiares. Sermos o mais natural possível e verdadeiramente francos quando estamos nos dirigindo a eles, para evitar reações defensivas. Quando não existe uma real preocupação de ser amável, pode acontecer que aparentemos indiferença com os sentimentos do ouvinte e o que quer que falemos o irá ferir. Não é difícil que, por desleixo de nossa parte, chegamos a dar a impressão de desprezo ao outro. Devemos estar atentos, para que haja empatia, para nos colocarmos continuamente no lugar do outro, para que procuremos antecipar às reações e sentimentos do outro frente ao modo que pretendemos abordar determinado assunto. Se nos colocamos em posição de superioridade, seja social, capacidade intelectual ou hierárquica, o segundo poderá concluir que o diálogo será desigual, e tentará reduzir as diferenças nos depreciando. Podemos evitar esta situação quando nos posicionamos, de ante mão, no mesmo plano de nosso ouvinte, dando a entender de que estamos abertos a uma solução participativa. Pode acontecer que tenhamos o assunto resolvido em nossa cabeça, e nos recusamos a aceitar que tenha, o outro, alguma contribuição a dar. As reações passam a ser de disputa, para ver quem ganha a discussão, e o diálogo se fecha. Podemos evitar esta situação deixando claro que a opinião do outro sempre tem valor e que estamos abertos a pesá-la. Em uma viagem, é bom que pratiquemos a direção defensiva sempre que estamos ao volante. Mas com nossa esposa, com nossos filhos, adolescentes ou não, melhor é que sejamos cuidadosos e perspicazes para evitar a comunicação defensiva. |
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André Pessoa é pai de seis filhos, Mestrado em Orientação Familiar por Navarra, ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995; Graduado pelo IME (Engenharia), Pós-Graduado pela PUC (Administração), FGV (Contabilidade Gerencial), ISE (Programa de Treinamento de Executivos) e Navarra (Orientação Familiar); Consultor da Accenture. Publicado no Portal da Família em 11/01/2007 |
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