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Floriano Serra

Coluna "A Dois"
Vale a Pena Casar

André Pessoa

A evolução do namoro hoje em dia pode tomar caminhos variados. Há quem relute em abdicar da própria liberdade por um ideal, buscando o relacionamento descompromissado. Mas o tempo tende a consolidar as situações, e, pegos de surpresa, terminam por levar vida a dois como se estivessem casados, muitas vezes com família constituída.

O processo de tomada de decisão é de fato complexo. Quando pensamos em alugar um apartamento, por exemplo, analisamos tudo o que está ao nosso alcance antes de assinarmos o contrato. Estudamos o local a rua, a posição do sol, e outros fatores.  É como se estivéssemos namorando o apartamento. O processo de confiança é crescente. Por mais segurança que tenhamos em nosso julgamento, seguimos levemente desconfiados até o último instante. Antes de assinarmos, chegamos a respirar fundo, a nos perguntar, pela última vez, se seria de fato aquela uma boa escolha.

Podemos tirar dois paralelos à vida a dois. Imaginemos, primeiramente, se os locatários permitissem que morássemos em seu apartamento por um período indeterminado, para testarmos se vale a pena. Possivelmente a assinatura do contrato também se prorrogaria “ad infinitum”, com perdas para o locatário. E na vida a dois... Há perdas por não se contrair o matrimônio?

Em segundo, a psicologia da tomada de decisão é semelhante nos dois casos.

O processo de namoro tem o fim do conhecimento mútuo. Vamos descortinando a personalidade da pessoa que elegemos, prospectando algum defeito que significaria o impedimento para uma complementaridade ampla a dois.

No noivado, o relacionamento segue pleno crescimento, agora adentrando ao futuro na formulação dos planos e ideais de vida a dois. Até o último instante, a confiança mútua é crescente, mas não chega a ser cega. Permanece vigilante, com um pé atrás.

Ao celebrarmos o matrimônio, através de juras e promessas de dedicação incondicional por toda a vida, a confiança mútua passa a ser, então, deliciosamente cega.

Os casais que ainda não contraíram matrimônio, mas vivem a situação de fato, seguem na incerteza. Não estão seguros da entrega total e definitiva... Nem da sua, nem da outra parte. A confiança existe, mas limitada. Há uma entrega, mas parcial, e com risco de ser resgatada de volta a qualquer instante.

Podem alguns argumentar, que se trata apenas de um papel que não garante a felicidade. Comparativamente, não há aluguel sem o resguardo documental e jurídico das obrigações e deveres do inquilino e do locatário. O matrimônio resguarda a família, um bem muito mais valioso e digno e, por isso, com maior motivo de ser contraído. E, para quem pensa que é apenas um papel... Porque o receio então?

A decisão definitiva, se sincera, dá um grau de liberdade maior ao casal. Como uma criança, que apenas andava com insegurança, quando aprende a correr, ganha um mundo a ser conquistado com confiança.

A relação galga um degrau crucial. De uma relação egoísta, onde prevaleciam os próprios interesses, sobe agora ao nível de doação incondicional de si mesmo ao outro... Total... De corpo e alma.

O que perdem os casais que não contraíram matrimônio? A potencialidade de viver o amor verdadeiro.

Se adicionalmente decidirmos contrair o matrimônio perante Deus, a vida “a dois” e “em família” adquire um quê sublime e o selo de eternidade... Mesmo que ambos, ou um dos dois, se diga mais ou menos ateu.

Há garantia de felicidade? Depende que saibamos, então, viver o verdadeiro amor com abnegação e desprendimento. Vale a pena casar, pois a felicidade passa a ser plausível.



André Pessoa é pai de seis filhos, Mestrado em Orientação Familiar por Navarra, ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995; Graduado pelo IME (Engenharia), Pós-Graduado pela PUC (Administração), FGV (Contabilidade Gerencial), ISE (Programa de Treinamento de Executivos) e Navarra (Orientação Familiar); Consultor da Accenture.
e-mail: andre.v.pessoa@gmail.com

Publicado no Portal da Família em 28/01/2008


 

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