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Fabio Toledo

Coluna "Assuntos de Família"

Educar hoje

Fábio Henrique Prado de Toledo

É opinião geral que a solução dos problemas de nossa sociedade depende de que se invista na educação. Mas como? Ou melhor, o que na verdade esperam de nós os jovens e crianças de nosso tempo?

Os padrões de trabalho, vida em família e relacionamento social são hoje muito diferentes. Durante séculos, o trabalho e a vida familiar se interpenetravam, e a formação dos filhos se dava nesses ambientes com muita naturalidade. Numa sociedade agrária, era comum pai, mãe e filhos saírem pela manhã para cuidar da lavoura, e ali as crianças cresciam vendo o esforço dos pais para ganhar, com o suor do trabalho, o sustento. Contemplavam, por vezes, os pais cuidando de sua rudimentar contabilidade, acompanhavam-nos em raras compras na cidade (uma vez por ano), quando se adquiria o essencial, que se pudesse pagar à vista, num tempo em que nos dicionários sequer existia a palavra consumismo.

Por vezes, o pai era comerciante ou artesão, mas, também nesses casos, o comum era que a casa se situasse aos fundos ou próxima de onde se trabalhava, de modo que os filhos iam e vinham ao local do trabalho, em suma, aprendiam muito mais com o exemplo do que com o que se falava, com a simplicidade das coisas cotidianas.

Não pretendo embrenhar-me num saudosismo para simplesmente dizer que aquilo era bom e o de hoje não presta. Mas temos de admitir que hoje, com freqüência, os filhos não sabem exatamente em que consiste a atividade profissional dos pais. Para muitos, o trabalho do pai e da mãe é aquilo que os esgotam tanto que os deixam estirados no sofá à noite enquanto reclamam: “estou exausto!”. Os dias dos filhos, sem muitas variantes, oscilam entre escola, cursos e casa, e nessa é comum permitir-lhes uma overdose de computador e televisão.

Nesse cenário moderno, em que convivência é pequena e pobre, como se pode proporcionar uma boa formação aos filhos?

Um grande sábio do século passado costumava lecionar: para servir, servir. E explicava que ninguém não dá o que não tem, ou seja, para ensinar algo, há que  aprender primeiro. Traduzindo isso para os educadores de nosso tempo, antes de mais nada, devem esforçar-se para que suas próprias vidas sejam uma constante luta por adquirir e crescer nas virtudes: honestidade, generosidade, sinceridade, laboriosidade, solidariedade. Basta um breve exame para constatarmos que muito podemos melhorar nisso tudo. Não é necessário, porém, sermos perfeitos para educar nossos filhos, ou nossos alunos, mas é importantíssimo que eles nos vejam lutando por sermos cada vez melhores.

Penso que o norte a ser dado à educação, proclamada como panacéia para nossa sociedade, é estimular a formação dos principais educadores: pais e professores. Quanto mais virtuosos forem, quanto mais competentes e dedicados em seus trabalhos, quanto mais humanos se mostrarem, tanto mais estimularão e impulsionarão os seus educandos. Filhos e alunos assimilam os ensinamentos quando enxergam de verdade em seus educadores exemplos concretos de luta.

E depois, há que se estimular uma sadia cumplicidade entre eles, pais e professores. Fiquei sabendo recentemente de um casal que foi convidado a uma conversa na escola do filho. Foram esperando encontrar o de sempre: queixas acerca do mau comportamento e nenhuma proposta de solução.

Porém, a surpresa foi que a professora iniciou por apontar aspectos muito positivos da conduta do filho, muitos desses sequer notados pelos pais, mas também indicou pontos em que poderia melhorar. Mais que isso, sugeriu uma estratégia clara e concreta a ser seguida em casa e outra a ser aplicada por ela no colégio, numa mesma direção, visando o crescimento em uma virtude. O resultado foi excelente.

Outros pais, ao saberem daquela iniciativa de sucesso, durante uma viagem, comentaram o caso na presença do filho, sem perceberem que o garoto prestava atenção na conversa. Em certo momento, ele deu sua opinião certeira: “Caramba, eles devem gostar mesmo daquela criança! Pai, mãe e professora perdendo tempo em conversar sobre o filho!”

O que impede que isso seja feito na escola pública?



formatura dos filhos

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Fábio Henrique Prado de Toledo é Juiz de Direito em Campinas e Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC.

e-mail: fabiohptoledo@gmail.com

Blog: http://fabiohptoledo.blogspot.com.br/

Publicado no Portal da Família em 30/11/2008

 

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