Portal da Família
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Expectativas no casamento |
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Fábio Henrique Prado de Toledo |
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Tempos atrás tive o privilégio de participar de um seminário, promovido por uma instituição que promove os valores da família, com sede em São Paulo, que tinha como tema Expectativas e Realizações no Casamento. Além de muito divertido, pois os palestrantes conseguiram transmitir as idéias recheadas de bom humor, explorando de forma pitoresca os problemas da vida conjugal, o evento foi enriquecedor, e, no meu caso, tem sido fundamental na luta por manter a harmonia no ambiente familiar. Por esse motivo, há algum tempo gostaria de compartilhar isso com o leitor. Penso que agora que a folia do carnaval terminou, e as agruras da vida tendem a refletir negativamente em nossas vidas, é chegado o momento ideal para tratarmos do assunto. Dada a sua complexidade, não é possível que o esgotemos aqui. Mas poderemos ao menos explorar os pontos principais. E, nesse intento, o faremos em duas oportunidades. Nessa primeira, abordamos as expectativas e, numa outra oportunidade, falaremos das realizações na vida conjugal. Um resumo do que esperam os noivos antes do casamento, ou mesmo já nos primeiros meses da vida conjugal é mais ou menos o seguinte: o homem acredita que a mulher não vai mudar nunca, e ela acha que, com o tempo, conseguirá convencê-lo a mudar. É claro que isso nem sempre acontece, mas é muito freqüente que o rapaz, muito mais interessado nos dotes físicos atraentes dela que em outra coisa, esqueça que, com o passar dos anos, as coisas não permanecerão tão impecáveis assim. Ela, por outro lado, com poucos meses de casada, já percebe que ele tem muito que melhorar para construírem um lar de verdade. Já sabe, por exemplo, quais são as prioridades dele: (1) o futebol e a cerveja com os amigos; (2) a pescaria; (3) o trabalho profissional; (4) o almoço de domingo na casa da mamãe; (5) ...; (n) ela, e ainda assim apenas para ... Há uma inegável dose de exagero nisso, mas serve para ilustrar que, sem que percebam, muitos jovens casais estão construindo sobre a areia, sem a menor possibilidade de que esse empreendimento, apesar de tão nobre, nasça com a solidez que dele se espera. É muito importante que haja o sentimento no relacionamento entre os noivos e os esposos, que haja uma atração, sem o que não se uniriam. O ruim é colocar nisso a única base de sustentação da vida conjugal. É que os anos passam, há o desgaste natural de qualquer relacionamento, e podemos nos perguntar: o que fica? E é aí que podem vir as frustrações ou a realização. Explico melhor. Se ele tomou a decisão de se unir a ela unicamente motivado pela atração física (ou fisiológica) que ela lhe despertava, por certo que isso não vai durar muito. Ela, por outro lado, se buscava apenas alguém que substituísse o pai que teve, ou que sonhou ter para a paparicar, também há poucas chances de alcançar suas expectativas. O que há que se esperar, então, para não se frustrar? Confesso ao leitor que tampouco eu sabia a resposta, tanto que parei o artigo aqui disposto a abandoná-lo. No entanto, tive a fortuna de conhecer um casal de amigos nossos que por certo não se zangarão que relate o que lhes ocorreu. Ele, um dia encontrou por acaso o nome e o endereço de uma moça, que jamais conheceu, e então resolveu enviar a ela um cartão de Natal. Ela o respondeu e passaram a trocar correspondência. Isso perdurou por dois anos, até que se conheceram pessoalmente. Enquanto correspondiam por cartas, sequer fotos trocaram, exceto uma que ele a enviou, mas a imagem era tão longínqua que não se divisavam seus traços. E sabe de que falavam? De sonhos, projetos, do que pensam, gostam, enfim, do que são de verdade. Somente após isso é que tiveram o primeiro contato e hoje se contempla um casal que se ama de verdade, com filhos, em suma, felizes porque souberam construir uma família sobre a rocha. Puxa, penso eu agora, mas que isso tem que ver com expectativas no casamento? No fundo não sei. E para piorar, o computador parece não ajudar. Peço socorro a minha filha – esses jovens são peritos em informática, e relato a ela o meu drama, e tenho de concluir quais são as verdadeiras expectativas do casamento. Ela, percebe a minha ansiedade, dá-me um beijo carinhoso e diz: “não se preocupe, pai, você consegue, nós estamos aqui para te ajudar...”. Até a próxima semana, agora com as realizações. |
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Fábio Henrique Prado de Toledo é Juiz de Direito em Campinas e Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC. e-mail: fabiohptoledo@gmail.com Blog: http://fabiohptoledo.blogspot.com.br/ Publicado no Portal da Família em 16/03/2009 |
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