Portal da Família
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Filme Cisne Negro - a falta de proteção da família e a vitória do lado negro |
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Maria Helena e Massimo d’Ancora |
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Ontem à noite fomos, eu e Massimo, assistir ao filme “Cisne Negro”, cuja história relata a vida de uma jovem bailarina ávida por chegar ao posto de primeira bailarina de uma companhia. Com a aposentadoria da primeira bailarina, essa jovem passa a ocupar seu lugar e começa a dotar uma série de atitudes que a levam a lutar com seu “eu” interior para que possa representar de maneira perfeita os dois cisnes: branco e negro. Para que tenham conhecimento, o balé “O Lago dos Cisnes” conta a história de amor entre um príncipe e uma jovem enfeitiçada. No baile de aniversário dos seus 21 anos, o príncipe precisa escolher, entre as convidadas, uma para ser sua noiva. No entanto, ele prefere comemorar com os amigos. Durante uma caçada o príncipe chega a um lago repleto de cisnes e, quando está pronto para atirar, ele vê os pássaros se transformarem em princesas. Elas estão sob um feitiço que só será quebrado quando um jovem lhe jurar fidelidade à meia-noite. Ele se apaixona por uma das jovens (Odete – cisne branco), para quem se declara e convida para o baile, para apresentá-la como sua noiva. Mas ela não vai. Transformado em rei, o feiticeiro apresenta ao príncipe sua filha, Odile (cisne negro), que sob um feitiço parece-se com Odete. Ele faz juras de amor a ela e somente mais tarde percebe o engano. Desesperado, ele volta ao lago e encontra sua amada. Juntos se jogam no lago e quebram o encanto. Voltando ao filme, é absolutamente acertado o Oscar de melhor atriz à Natalie Portman por sua brilhante atuação. Porém apenas isso é notável no filme. Um filme repleto de momentos “tensos” como dizem todos que assistiram a ele, de falta de moral e de valores. Um filme que mostra até onde vai a ganância e o desespero por se chegar ao lugar mais alto. Em primeiro lugar, a relação de Nina e sua mãe. Uma relação conturbada e doentia, em que a mãe projeta na filha seus sonhos e frustrações, exigindo que seja a melhor sempre (ela é uma ex-bailarina que abriu mão de sua carreira para ter sua filha) e a cobra desse fato de maneira discreta e sutil. Nina precisa seguir um conceito de perfeição que a própria mãe não conheceu na sua carreira frustrada. Não há presença paterna na vida da filha: o mundo das duas era apenas o balé, sem família, amigos, religião ou algo a mais. A desestrutura familiar é clara na relação entre as duas. Até mesmo as neuroses de Nina (como anorexia e autoflagelação) são fruto de uma cobrança interminável da mãe. Essa relação vai piorando na medida em que Nina vai “se” descobrindo e “lutando” por seus ideais. Nessa luta por chegar à perfeição, Nina envolve-se na amizade com Lilly, uma bailarina da companhia. Lilly caracteriza-se pela jovem desestruturada e livre de tudo (e por isso representaria muito bem o cisne negro, passando a ser a bailarina substituta). Sua vida é baseada na bebida, cigarro, festas, sexo e drogas. E tenta, através de uma falsa amizade fazer com que Nina “relaxe” e encontre os prazeres da vida, para que possa de maneira livre e espontânea interpretar o verdadeiro “Cisne Negro”. Nina também se apaixona pelo diretor artístico, a quem escuta com afinco, porém que a faz sofrer com sua exigência. Um artista (atriz, ator, bailarina, etc.) tem que ter a técnica para poder representar o que é pedido sem ter que ser aquilo. Isto foi o que faltou em Nina. Por ser uma menina fraca, insegura e até ingênua, as pessoas que tinham más intenções foram moldando-a do jeito que queriam para que ela conhecesse este seu lado obscuro. O fato de ela começar a conhecer este seu lado obscuro era o que todos diziam que faltava para que ela desempenhasse os dois papéis perfeitamente. Sua falta de proteção da família, segurança em si própria era tão grande que para ela poder representar este cisne negro – do mal – teve que se transformarem um e com isto ficou doida e se matou (como o cisne negro também morre). Frases como “liberte-se”, “você precisa vencer sua Nina interior”, “a única coisa que te impede de conquistar o que deseja é você mesma”, “vou te dar uma lição de casa: vá para casa e masturbe-se”, vai criando em Nina uma segunda pessoa. Ela deixa de ser a meiga e doce Nina, para se tornar a paranóica Nina. É impressionante como sua vida vai se degradando na medida em que busca a “perfeição humana”. O diretor, Darren Aronofsky, consegue fazer com que a pessoa que assiste ao filme se sinta na pele de Nina, e dessa maneira começamos a sentir o que é entregar-se ao lado “negro” de nossas personalidades. Analisando friamente os dois cisnes podemos notar que o cisne branco representa a ingenuidade, a doçura, a leveza e a pureza. Nina representa-o de forma absolutamente perfeita, visto transparecer o que tem em seu interior. Mas o diretor não se mostra satisfeito. Ele quer mais e incita-a - através do sexo, da masturbação, da malicia - a conquistar também o cisne negro, que representa todo o lado negro e sombrio de uma personalidade: o sexo usado de maneira errônea, a droga, a libertinagem, a bebida, a corrupção humana. À medida que Nina precisa interpretar o cisne negro, ela deixa de lado esse seu lado ingênuo e passa a descobrir todo um lado negro da vida. Estas cenas no filme são absolutamente fortes e marcantes: cenas de masturbação, sexo hetero e homossexual (entre Nina e Lilly), entrega à bebida, uso da droga ecstasy em meio à uma festa apenas para relaxar, cenas de autoflagelação, entre outras. O que mais nos chamou a atenção foi justamente esse ponto: a luta entre o lado branco e o lado negro. Pior ainda, a vitória do lado negro e a total degradação de uma pessoa, levada pela ganância e ambição de chegar ao topo. A partir do momento em que ela “deparou” com seu lado negro, já não mais conseguia enxergar o lado branco, justamente o lado puro e ingênuo. Achamos que era dever nosso alertá-los para o que os jovens estão assistindo. É um filme muito inteligente e que, certamente, nos faz enxergar como é entregar-se ao seu próprio lado negro. Porém, para um jovem despreparado é um convite ao sexo, às drogas, à bebida, à ganância, ao prazer, à libertinagem. E sabemos que existem jovens desde os 12 anos que estão assistindo à isso!!!! Pedimos desculpas pelo uso dos termos, mas gostaríamos que soubessem exatamente do que se trata. Estamos à disposição e esperamos poder ajudá-los na formação desses jovens que farão nosso futuro. Maria Helena e Massimo d’Ancora |
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Publicado no Portal da Família em 20/03/2011 |
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