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Em que os avós jovens podem melhorar?

Oliveros F. Otero e José Altarejos


Um avô jovem pode chegar a ser um homem ou uma mulher que, tendo-se casado por volta dos vinte anos, e tendo filhos, se encontra com um primeiro neto, recém-nascido, por volta dos cinquenta. E ninguém, aos cinquenta anos se encontra em situação de representar a anciedade que, arbitrariamente, se destaca ao avô.

Aos cinquenta, quando se quis viver como pessoa, alguém começa a amadurecer. Começa a distinguir, mais ou menos claramente, o que é essencial e o que é acessório, graças à experiência do tempo perdido no que é menos essencial, e também porque começa a pensar profunda e serenamente. E possui maior disciplina interior para desprender-se do prescindível.

Por outro lado, esse processo de melhora pessoal chamado educação tem caráter vitalício de vinte anos -ainda que passem muito rápidos - que vão dos cinquenta aos setenta, em termos redondos. São idades muito significativas para a própria educação. Não apenas porque algum filósofo definiu ao homem como “ser de crescer”, mas também porque seu processo educativo está à vista de seus filhos, noras, genros e netos. E todos eles se beneficiarão dos progressos deste processo de crescimento ou sofrerão com os danos de um possível e lamentável estancamento.

Os grandes temas da melhora pessoal

Os avós tem obrigação de continuar crescendo como pessoa, por dupla ou tripla partida. Nem como pai ou mãe, sogro ou nora, avô ou avó pode permitir-se o luxo de sê-lo estaticamente, porque lhe faltaria vida. E apenas desde a vida se pode viver a vocação do serviço à vida, como é óbvio.

Bem, mas em que pode melhorar? A palavra melhora, referida à pessoa humana, quer dizer, educação.

EDUCAÇÃO, EM SUA EXPRESSÃO COMPLETA,
É EDUCAÇÃO DA LIBERDADE PARA O AMOR NA FÉ.  

Em seguida, o avô, como qualquer ser humano, deve continuar crescendo:

  • em liberdade;
  • em capacidade de amar.

Pode melhorar no desenvolvimento de algumas capacidades humanas muito relacionadas com a liberdade. Especialmente, necessitará crescer na liberdade como capacidade de aceitação.

Pode melhorar em relação ao binômio dar-receber:

  • no amor conjugal;
  • no amor aos filhos;
  • no amor aos netos;
  • no afeto desinteressado a cada membro da família extensa;
  • na amizade; no amor divino.

Sempre, em relação a esses grandes temas de desenvolvimento pessoal, poderíamos analisar algumas sombras da época atual para descobrir, por contraste, as luzes que nos destacam pontos urgentes de melhora, sobretudo para um avó jovem, nestes preciosos vinte anos aos quais nos referimos anteriormente.

Ante as muitas dificuldades, o avô jovem necessita crescer em esperança. Nada mais lógico, porque juventude e esperança estão unidas: a juventude é o fundamento da esperança natural, e a esperança sobrenatural funda uma nova juventude.

Em íntima relação com a esperança, deve destacar-se a amizade.

Qualquer ser humano deve suspeitar que não se pertence a si próprio. E, desde cedo, qualquer cristão o sabe: não se pertence a si próprio, mas a Deus. E por Ele, aos demais, começando – no caso dos avós jovens - por seu cônjuge, por seus filhos, por seus netos, etc.

Acabamos de destacar três aspectos importantes na melhora pessoal do avô jovem:

O AVÓ DEVE CRESCER EM AMIZADE,
ESPERANÇA E DISPONIBILIDADE.

 

Ao longos de uns vinte anos

Em que podem melhorar os avós jovens ao longo dos anos? Sua disponibilidade lhes levará a estabelecer prioridades de melhor acordo com aquilo que mais necessitam ou esperam deles:

  • seu cônjuge;
  • seus filhos;
  • seus netos;
  • outros membros da família extensa;
  • seus amigos.

Podem melhorar em muitas coisas. Sobretudo, no essencial, pois no acidental se supõe que terão melhorado antes dos cinquenta anos.

Podem melhorar:

  • no domínio do tempo, frente à pressa.
  • na generosidade, tão necessária para comportar-se como pessoas;
  • na capacidade de amar e de sofrer, porque, nestas idades, dor e amor estão mais próximos;
  • na humildade, na serenidade e na alegria.

E também no desprendimento. Cada vez mais desprendidos de tudo e de todos. E, entretanto, muito próximos a cada ser humano que lhes procura o que lhes necessita.

Quando pela primeira vez um neto invade a vida de uma pessoa próxima aos cinquenta anos quase nada muda. Mas é uma chamada de atenção para que não continue distraída no urgente de sua família nuclear.

Parece que não acontece nada. Na realidade, a um avô jovem lhe ocorre o seguinte:

  • estendem-se os limites de sua família;
  • ampliam-se suas responsabilidades, na dimensão temporal de seu clã familiar, em ambas direções;
  • é convidado a melhorar como pessoa, e como avô, recém estreado;
  • lembra-se, de um modo novo, que não lhe pertence;
  • ocupa um lugar intermediário entre os membros visíveis e os invisíveis de suas famílias;
  • lhes é facilitado ver a necessidade de renovar essa família extensa, que não é apenas para esta terra, nem pode limitar-se a construir suas moradas aqui.

Certamente, temos a impressão, a julgar por muitas conversas com avós recém-estreados, que muitos não sabem o que lhes vem à cabeça.

A estréia dos avós

Com a chegada do primeiro neto mudam muitas coisas. Os avós jovens podem considerar-se, então, melhores espectadores prazerosos ou discretos participantes do êxito. Em todo caso, começa para eles uma nova etapa da vida. A princípio, as avós recentes são muito mais conscientes que seus cônjuges.

Até os cinquenta anos, os recentes avós, talvez antes fosse um pai de família atarefado em alimentar materialmente sua família, mais ou menos urgido pelos cúmplices do consumismo em sua própria casa. Ora, todavia influenciado pelas necessidades materiais dos seus, deve – como avô jovem - começar a prover-lhes de alimentos espirituais; deve começar a cuidar da cultura familiar como alimento. Eis aqui outro âmbito de melhora: como provedor de alimentação cultural. E isso, como os demais, requer preparação do avô.

A liberdade consiste em abrir caminhos e ser capaz de recorrê-los. Cada um em seu caminho pessoal. Com novos trajetos cada dia. De modo que isto não seja um trilhar e trilhar e trilhar sobre uma mesma extensão.

Insistiria mais nisto, com eles e com elas. Cada dia é importante ter algum propósito a mais, para que, assim, cada jornada seja um renovar-se a seu alcance, em suas casas, em seus afazeres. E com seus filhos e com seus netos.

É algo assim como colocar uma rosa nesses lares. Com seu perfume de vida tudo irá bem, sem estridências. E cada um aceitará a pequena parte que tem sob sua responsabilidade. E se cada um se sacrifica, irá avançando. Os próprios filhos, vendo seus pais, tratarão de viver assim. E o mesmo os netos, se vêem aos avôs ...

É uma mensagem quase esquecida, a do sacrifício. Por isso, na transmissão de heranças espirituais e de exemplos de vida, os avós jovens podem – e devem - fazer notar que

SEM SACRIFÍCIO NÃO HÁ VIDA


 

vovô vovó e netos


 

Adaptação do livro “Os Avós Jovens”, de Oliveros F. Otero e José Altarejos.

OLIVEROS F. OTERO é doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Madri. Dirigiu durante muitos anos, desde seu início, o departamento de formação de orientadores familiares do Instituto de Ciências da Educação da Universidade de Navarra. Foi assessor de centos de estudos superiores. É autor de dezoito livros.

JOSÉ ALTAREJOS. Diretor de empresas de negócios e máster em Artes Liberais. Autor de um livro de poesia: “Olhares”. Orientador familiar. Pai de quatro filhos e avô de nove netos.

Publicado no Portal da Família em 07/09/2011

 

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