Portal da Família
|
||||||||||||||||||||||||||||
|
|
|
||
Um encontro entre o divino e o humano |
|||
Wellen de Barros |
|||
A peça “Meu Deus” é uma comédia onde o divino e o humano dialogam a princípio, num interesse meio hostil que aos poucos vai ganhando força e arrebata o público a decifrar o enigma do imponderável ao interesse verdadeiro pelo próximo. O próprio Deus resolve fazer terapia por estar deprimido nos últimos 2000 anos e espera que a psicóloga Ana resolva esse problema. A autora da peça – Anat Gov nasceu em Tiberíades, Israel em 1953 e faleceu em 2012 como uma das maiores jornalistas e dramaturgas daquele país. A adaptação de Jorge Shussheim, tradução de Eloísa Canton e versão brasileira de Célia Regina Forte. Direção de Elias Andreato. Inicialmente é quase assustador esse encontro, afinal, quem é esse “paciente” com tantos questionamentos? O teor cômico nessa peça é o fio condutor entre o possível e o impossível, provocando assim uma certa inquietação no público, que se rende aos questionamentos desse intrigante paciente. Aos poucos as suas angústias e afirmações não são tão descabidas! A peça nos mostra um Deus humanizado muito semelhante a nós, afinal ele nos fez sua imagem e semelhança? O que de fato nos incomoda nesse diálogo? Talvez ao nos colocarmos no lugar desse paciente sintamos esse desconforto e frustração? Em tempos de guerra, onde o ser humano não mais se reconhece como tal, onde haveria espaço para esse Deus deprimido e frustrado? Talvez nas nossas consciências, que, via de regra, se deixa iludir por pequenas recompensas indolores, mas profundamente nefastas. Mas para amenizar o tema, recorremos à comédia, que é uma espécie de instrumento que nos prepara para aprofundarmos na proposta do texto. Ainda bem que temos o Teatro, não é mesmo? Onde fonte maior de conhecimento do comportamento humano não há. A atriz Irene Ravache, com seu modo de fazer arte inteligente, apresenta uma gama de possibilidades artísticas à sua personagem Ana. Irene cria um caminho de especulação não pronta, mas um caminho que desemboca no interesse pelo outro. Isso é sábio! E meticulosamente da maneira mais simples – na construção da personagem. terreno para grandes atores, faz com que a Psicóloga Ana conduza todo caminho e ser percorrido. Dan Stulbach, com sua bela figura, passeia pelas emoções humanas sem pudor. Chora como uma criança que precisa de colo de mãe, sem medo de caricaturar seu personagem Deus. A arte como artifício e exercício de invenção ainda é o meio mais imediato para explicar a humanidade. Viva o Teatro! |
|
||
Wellen Barros - Primeiro Soprano integrante dos corpos artísticos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Coro). Preparadora artística de bailarinos premiados nos principais festivais de dança. Pesquisadora sobre música, dança, teatro e suas interpelações. Participante do grupo de estudo sobre o Dramaturgo William Shakespeare, sob orientação da maior especialista brasileira no assunto - Bárbara Heliodora. Administra o BLOG da primeira bailarina do Theatro Municipal - Cecília Kerche (Kercheballet - http://kercheballet.blogspot.com) e o BLOG Sala de Concerto (http://salaconcerto.blogspot.com). E-mail: wellenmbarros@gmail.com Publicado no Portal da Família em 09/04/2015 |
Divulgue este artigo para outras famílias e amigos.
Inscreva-se no nosso Boletim Eletrônico e seja informado por email sobre as novidades do Portal
www.portaldafamilia.org