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A GRAÇA DA VIDA

Ana Maria

São 37 anos absolutamente felizes.

São 37 anos de uma vida plena de amor.

Porque??

Simples: nasci de uma união não só de corpos mas, principalmente de almas, de dois corações repletos de amor que decidiram dividi-lo comigo, ou melhor, doar tudo o quanto existia de melhor par aquela “menininha” que acabava de chegar.

Foram nove meses de luta pelo direito de nascer, pelo direito de ter uma família e ser muito amada, e a vida não me negou esse direito.

Tive sorte e muita!!

Pelas mãos do Criador fui levada para o seio de uma família estruturada, sendo entregue, ao sair praticamente da maternidade, à duas pessoas que, ansiosamente aguardavam por mim, com uma felicidade indescritível, porque esperavam por esse momento muito mais que os nove meses de uma gestação normal.

Ali, naquele instante que entrei naquela que seria definitivamente a minha casa, começou uma estória muito feliz.

Meus PAIS, sempre lembram emocionados o momento em que me pegaram em suas mãos e me chamaram de filha, quando então o primeiro e verdadeiro carinho de MÃE e PAI eu pude sentir na minha vida...

A partir daquele dia, nossas vidas mudaram; a casa já há meses estava preparada para a minha chegada, berço, cômoda recheada de roupinhas de bebê, banheira, mamadeiras, latas e latas de leite em pó, já que a amamentação natural estaria prejudicada, brinquedos, enfim tudo à minha espera!

Ana Maria, esse era o nome escolhido há tempos e, assim foi.

Nos primeiros dias, muitas visitas; parentes, amigos, uma alegria só, tudo, tudo para Aninha..

Foram noites e noites em claro, como não poderia deixar de ser, afinal bebês dão trabalho... Eu, um pouco mais que o normal, pois com o tempo minha MÃE descobriu que algumas práticas abortivas e uma gestação indesejada comprometeram, inicialmente, minha saúde.

Se me recuperei???

Logo, logo.

Qual o remédio???

Doses cavalares de amor!!!

O tempo passou, os meses passaram...

Então, pelas mãos sábias e simples de meu PAI aprendi a andar e, dando os primeiros passos sabia que o caminho seria um só: a felicidade.

Depois a fala e, com certeza a emoção quando repeti Papai e Mamãe. Imaginem, para um casal que deseja tanto ter filhos, o que não devem sentir ao ouvir pela primeira vez papai e mamãe?!?!?!

Já um pouco maior, lembro de todas as vezes, e foram muitas, que os meus brinquedos ocupavam toda a casa, todo o quintal, e meu PAI sempre paciente, brincava comigo e, incansavelmente, recolhia cada boneca, cada “panelinha”, cada “caminha”, cada e, cada e, cada... ao final da brincadeira. Acreditem, ele brincava de “casinha” comigo, no auge dos seus cinqüenta e poucos anos;

Lembro, também do cavalinho de madeira, do balanço que ele fez para mim e, como ele adorava me levar às alturas quando me balançava...

Minha MÃE, sempre companheira, dedicada, amorosa, repetia que eu era a filhinha nascida do coração.

Por volta dos cinco ou seis anos, já não me lembro com tanta certeza, até porque isso não fez diferença alguma, quando eu já manifestava certa curiosidade em saber como nascem os bebês, minha MÃE que já por diversas vezes repetira que eu nascera de uma forma muito especial, porque nasci de sue coração e não de sua barriga, quebrando uma promessa que fizera, que jamais me contaria a verdade, me pegou no colo e cheia de coragem me fez entender que ela e meu PAI me pegaram par criar, que quem havia me dado a vida, ou melhor à luz, era outra mulher que temos depois morrera, mas que isso não poderia mudar nada, porque eu era a filha mais amada e esperada do mundo e, filha legítima, assinando seus nomes.

Para minha MÃE foi um momento muito difícil, mas brilhante. Eu me lembro de ter ficado por alguns minutos, poucos, calada, mas a seguir eu a abracei e a amei ainda mais e, certamente eu era muito, mas muito mais feliz, porque nascera fruto de um amor verdadeiro, fui escolhida, portanto, eu era realmente muito diferente de todos...

A única certeza que tive: eu era muito especial!

Corri muito mais feliz pelos quintais de nossa casa, eu os amava.

Todas as festas de aniversário eram maravilhosas. E os natais? Curtidos, à espera do papai noel com presentes; tenho até hoje bonecas que ganhei dos meus PAIS.

Veio a idade escolar, meus PAIS sempre ao meu lado, firmes no propósito de lutar para que eu, no modo humilde de pensarem, fosse alguém na vida.

Nunca pensava que pelo fato de não ter nascido de uma união carnal entre eles, isso mudaria alguma coisa em minha vida.

Ao contrário, sentia intimamente muito orgulho disso.

Algumas vezes, na escola, lembro de alguém comentar que eu não me parecia nem com meu PAI, nem com minha MÃE, mas sempre respondia: pareço sim, no caráter, no sentimento de amor que aprendi a ter pelas pessoas, indiferentemente.

Tudo para Aninha. Sempre foi assim.

Boas escolas, aulas de inglês, pintura, piano e um pouco de esporte. Amada, amada, amada...

Formaturas de ginásio, colégio, cresci.

De repente, uma universitária.

O sonho de meus PAIS é que eu fosse uma grande advogada. Não mediram esforços, pois meu PAI aos quase setenta anos, ainda trabalha na mesma metalúrgica há mais de trinta anos, para custear os meus estudos.

Durante todos esses anos, minha MÃE sempre me flava da importância de se ter uma família, da importância do amor entre pais e filhos e cresci com essa convicção.

Cada vez mais, eu tinha certeza de ser uma pessoa de muita sorte e, sabia que tinha vindo ao mundo para ser feliz.

Depois dos vinte anos de idade, por várias vezes eu e meus PAIS falávamos sobre o meu nascimento, sobre a minha chegada em nossa casa e, sempre de uma forma positiva e emocionada, franca, aberta, como um presente recíproco, de Deus, para nós.

Nunca houve qualquer diferença entre nós e em nossa família, por ser eu uma filha de criação, e muito menos entre amigos que sabiam da nossa estória de vida.

Ao contrário, sentia um profundo orgulho, admiração e muito respeito pela grandeza dos sentimentos de meus PAIS.

Todo esse sentimento de amor sempre nos uniu, até hoje.

Quando me formei, e colei grau no curso de Direito, ao pegar o canudo olhei para a platéia e pensei: devo tudo a vocês meu PAI e minha MÃE e, agradeci à Deus e à vida por terem me reservado tanta felicidade.

Meus PAIS fizeram de mim um ser humano na acepção da palavra; fizeram de mim uma pessoa íntegra, de caráter; com eles aprendi a ser generosa e solidária e a ter amor por tudo e por todos que me cercam, sendo imprescindível a fé em Deus.

Aos que, eventualmente, me perguntaram: como é saber que você não é filha natural de seus pais? Respondi: quem disse que não sou? Sou a filha natural do coração e, por isso inigualável à quem quer que seja.

Nesses trinta e sete anos de vida, agradeci à Deus por me reservar esse destino, porque certamente fui muito mais feliz do que se podia imaginar.

Tive um lar, um PAI e uma MÃE extremamente amorosos e dedicados e, sem dúvida alguma, eles, depois de Deus, que me deram realmente a vida.

Ao me levar até o altar, no dia do meu casamento, meu PAI desejou que ao sair de nossa casa, continuasse eu no mesmo caminho que me ensinaram a trilhar. Minha MÃE, emocionada, concluiu que cumprira sua missão, ou melhor, o sacerdócio de ser MÃE, porque viu que toda a sua luta de vida valeu à pena.

Sou a única filha;

Não passei por um processo legal de adoção, mas, indiscutivelmente, fui fruto de uma adoção plena de amor.

Hoje, por mais uma manobra do destino, luto pelo direito de ser mãe, para abraçar por vocação, esse sacerdócio que é a maternidade. Trago comigo o mesmo sonho que há trinta e seis anos atrás minha MÃE conseguiu realizar.

Sonho em um dia ter em meus braços uma criança e embalá-la, com o mesmo e único amor que tive a felicidade de ter e viver com meus PAIS, dando continuidade à maior missão da mulher que é ser mãe.

Sou o exemplo vivo der que o amor que se pode dedicar à uma criança, que é fruto de uma adoção, é infinitamente maior do que se imagina possível.

A vocês pais e filhos, deixo a minha mensagem e, humildemente o exemplo de uma vida feliz, sem crises, que tive e tenho, reiterando que o mais importante é a grandeza do amor que se dedica a um filho, não importando se natural ou adotado, pois ele que deve ser o fator determinante da nossa felicidade, porque o restante é muito pequeno diante da nobreza de sentimentos que o Ser Humano é capaz de ter.

E o amor venceu!!!

CASAIS SEM FILHOS PRATIQUEM O AMOR: ADOTEM UMA CRIANÇA!

Ofereço esse depoimento ao meu PAI, hoje com 83 anos e à minha MÃE com 80 anos, com a eterna gratidão e o infinito amor que sempre nos uniu.


Ana Maria
SP 03.10.00

Fonte: site Filhos Adotivos - www.filhosadotivos.com.br

 

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