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THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO Entrevista com a Primeira Bailarina – Ana Botafogo |
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Wellen de Barros |
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No ano em que se comemora o aniversário do templo musical mais importante do País, é oportuno enfatizar a influência da arte no ser humano e na sociedade. Nesses cem anos de história completados no último dia 14 de Julho, esse tem sido seu principal êxito. Vale relembrar um pouco de sua história: seus idealizadores, o motivo de seu surgimento. Para melhor ilustrar esse ano comemorativo, vamos contar também com a presença ilustre de cada convidado que gentilmente irá contar um pouco da sua história junto ao Theatro Municipal. Artistas que fazem parte ou já fizeram parte dos Corpos Artísticos desse Patrimônio Cultural, motivo de orgulho de um povo que sabe reconhecer a verdadeira forma de se fazer arte- com arte- nessa cidade do Rio de Janeiro. Theatro Municipal Sua idealização se deu por volta de 1903 quando, sendo capital federal ,o prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, imagina uma cidade totalmente reformada sob os moldes de Paris. Em 2 de Janeiro de 1905 iniciam-se as obras de um grande sonho...símbolo do ecletismo do início do século XX. Havia uma necessidade “urgente” a partir da República, de que a capital fosse modernizada para a inserção do país no capitalismo internacional e nenhuma outra cidade no mundo era tão admirada como Paris. Principalmente em sua arquitetura moderna reformada pelo Barão Eugene Haussmann. A reforma da cidade do Rio de Janeiro feita pelo então prefeito Pereira Passos, demoliu uma boa parte do Rio de Janeiro colonial e permitiu o alargamento de ruas, principalmente no centro, onde foi construído um conjunto formado pela Avenida Central, conhecida atualmente como Rio Branco, além de duas praças situadas em suas extremidades - conhecidas atualmente como Praça Mauá e Cinelândia.
1-Pode-se dizer que o sonho de um artista erudito é trabalhar no Theatro Municipal? Ana Botafogo - Acho que sim, que o sonho do artista erudito é ir para um Teatro onde a gente preserva o nosso repertório clássico. Aqui no Rio de Janeiro o grande detentor deste repertório clássico é o Theatro Municipal porque tem seus corpos estáveis, o coro, a orquestra e o ballet e esses corpos artísticos é que tem sido responsáveis ao longo desses mais de oitenta anos por preservar, por apresentar os grandes clássicos que ficaram famosos na história da música, na história do ballet, na história das óperas. Então acho que seria um sonho sim, de todo artista que quer fazer uma carreira dentro das artes eruditas, o de entrar para o Theatro Municipal. Em termos de Brasil é um grande sonho, é um sonho a ser percorrido, sobretudo por poder atuar num local que tem tradição e onde esse futuro artista poderá crescer e participar de uma estrutura que tem uma história. E isso também é muito importante para o desenvolvimento de um jovem artista. 2-Qual o significado do Theatro Municipal em sua vida? Ana Botafogo - Bom , o Theatro Municipal faz parte da minha vida há 28 anos, DIARIAMENTE! A minha história pessoal é muito misturada com a história do Theatro Municipal, porque a minha carreira foi feita sobretudo aí. Eu comecei um pouco antes, mas dentro dos meus 32 anos de profissão, 28 anos foram passados dentro do Theatro Municipal. Para mim então, o Theatro representa uma segunda casa - é onde passo momentos alegres, tristes, preocupantes, de muito cansaço, de muito stress, mas sempre retorno a ele porque é um lar profissional muito querido. É o meu segundo lar - se posso chamá-lo assim, e tem um significado muito importante. O Theatro era um sonho muito querido e eu achava quase impossível dele participar. Quando realizei esse sonho, a alegria foi muito grande e nele trabalhando – assim como ele - tive grandes alegrias,grandes emoções. Pude me encontrar como artista em diferentes papéis que o Theatro Municipal me proporcionou dentro do ballet, do ballet clássico. E tive oportunidade de poder levar - e isso é uma grande honra! - muitas vezes, o nome do Teatro Municipal para espetáculos ou festivais. Por vezes também fora do Brasil, pude levar um pouco o nome do Teatro Municipal. Sei que é uma pequena contribuição nesses cem anos que ele faz hoje, mas é uma contribuição que foi feita com muita paixão, com muita dedicação, com muita vontade não só de superar meus limites, mas para poder mostrar a essa platéia que sempre vai ao Teatro Municipal, momentos de beleza, momentos de arte. 3- Fale sobre um momento de grande emoção vivenciado no Theatro Municipal. Ana Botafogo - Tive muitos momentos de grandes emoções, de emoções variadas - alegrias, tristezas, emoção pelos aplausos e o reconhecimento do público. È muito difícil a gente citar só um momento. Emoções de grandes produções, encontros com artistas e diretores, diferentes personalidades do mundo das artes que passaram pelo Theatro. Também tive muitas emoções não só enquanto artista, mas emoções enquanto público assistindo a espetáculos e vendo artistas maravilhosos que aí passaram. Mas sempre que me perguntam um único eu gosto de dizer que um marco de grande emoção foi exatamente o meu primeiro espetáculo - minha entrada para o Theatro Municipal como primeira bailarina, que aconteceu no ano de 1981 sendo o primeiro espetáculo o ballet “ Coppélia”. Ao final desse primeiro espetáculo, muito ensaiado, muito querido, muito bem preparado,quando aconteceu o reconhecimento do público, então essa minha estréia como primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, esse momento tão importante, eu o guardo gravado na minha memória. Cito como um dos grandes momentos que eu vivi no Theatro Municipal. 4- Que presente você gostaria de oferecer ao Theatro Municipal no seu Centenário? Ana Botafogo – Um presente que fosse um presente pessoal meu, acho que seria ainda poder oferecer a minha dança, a minha arte, ter talvez a chance de um espetáculo muito especial em que eu pudesse dar de presente toda a minha emoção, toda a arte que aprendi, que desenvolvi nesses 28 anos de Theatro. Isto é que eu gostaria de poder presentear ao Theatro Municipal - a minha arte - que é o bem maior que tenho. 5-Quando se fala em Theatro Municipal, remete-se à ANA BOTAFOGO. Esse é o resultado de uma vida que conta histórias com a própria vida? Ana Botafogo - Como falei no começo da minha entrevista, a minha vida profissional se confunde um pouco com a minha vida pessoal. Como vivo todos os dias a vida do Theatro Municipal, a minha vida pessoal é permeada por essa vida também do Theatro e todos os momentos que eu tive - alegres ou tristes, engraçados, os momentos diversos da minha vida pessoal, todos eles sempre passavam pelo Theatro. Assim sendo, o Theatro Municipal deixou marcas na minha vida, na minha pessoa, no meu ser e até mesmo no meu físico, porque a gente é o que a gente vivencia. Fico orgulhosíssima, fico muito contente que você me diga que quando se pensa em Theatro Municipal, se pensa em Ana Botafogo! Realmente, tem sido uma vida dedicada à minha arte, com muito amor, com muita paixão - uma vida em que me dediquei a sempre elevar o nome do Theatro para que tivesse momentos de luz, momentos de glória, momentos que fizessem com que ele sempre fosse lembrado por todos com muito respeito e com muita admiração. Talvez essa tenha sido uma das características da minha carreira. Eu sempre quis que o nome do Theatro Municipal fosse muito respeitado e dele sempre falei e falarei com muito amor.
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THEATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO
Ana Botafogo
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Wellen Barros - Primeiro Soprano integrante dos corpos artísticos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro (Coro). Preparadora artística de bailarinos premiados nos principais festivais de dança. Pesquisadora sobre música, dança, teatro e suas interpelações. Participante do grupo de estudo sobre o Dramaturgo William Shakespeare, sob orientação da maior especialista brasileira no assunto - Bárbara Heliodora. Administra o BLOG da primeira bailarina do Theatro Municipal - Cecília Kerche (Kercheballet - http://kercheballet.blogspot.com) e o BLOG Sala de Concerto (http://salaconcerto.blogspot.com). E-mail: wellenmbarros@gmail.com Publicado no Portal da Família em 06/09/2009 |
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