Americanas Deixam Carreira para Ficar em Casa |
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Fonte - Público
- 5 de Maio 2002 - APFN - Reuters
Na passada semana, Kharen Hughes, de 45 anos, uma das conselheiras mais próximas do presidente norte-americano George W. Bush, surpreendeu Washington ao anunciar que vai abandonar a Casa Branca. Um mês antes, a governadora do Massachusetts Jane Swift, de 37 anos, renunciava a uma segunda candidatura à frente dos destinos do Estado. O motivo invocado pelas duas mulheres foi o mesmo: dedicar-se à família. Kharen Hughes e Jane Swift são cada vez menos casos isolados na sociedade norte-americana, que assiste a um recuo na tendência da mulher trabalhadora. "Esta escolha acontece todos os dias entre as norte-americanas com níveis altos de escolaridade", afirma Ann Crittenden, autora do livro "O Preço da Maternidade: porque é o trabalho mais importante do mundo o menos valorizado?". "O problema são as condições de trabalho da maioria das mulheres. É quase impossível ter um emprego de responsabilidade, bem pago e ter tempo para a família", resume. As mais recentes estatísticas oficiais mostram que, pela primeira vez em 30 anos, diminuiu a percentagem de mulheres trabalhadoras com filhos de menos de um ano. Este número atingiu um recorde de 59 por cento em 1998 passando para 55 por cento em 2000, o primeiro declínio significativo desde 1976. A opção da família é, por motivos óbvios, sobretudo visível entre a classe com mais recursos economicos e escolaridade: são as mulheres brancas, com mais de 30 anos, que vivem maritalmente e têm pelo menos um ano de educação universitária. Ao mesmo tempo, um número crescente de mulheres norte-americanas opta por não ter filhos, uma tendência que os especialistas atribuem a condições de trabalho cada vez mais inflexíveis, mas também a uma atitude otimista de conseguir uma gravidez em idade tardia. Numa obra publicada recentemente, "Criar a Vida: as mulheres que trabalham e o desejo de crianças", Sylvia Ann Hewlitt evoca uma "epidemia de falta de filhos" entre as 1647 mulheres [inquiridas] que conseguiram ter uma carreira". Entre elas, 42 por cento não tinham filhos aos 40 anos, não por uma consciente decisão pessoal, mas simplesmente porque estavam demasiado concentradas na sua carreira. Os dados oficiais confirmam este inquérito: entre 1980 e 2000, o número de mulheres entre os 40 e os 44 anos sem filhos duplicou, representando agora uma em cada cinco norte-americanas. "Enquanto sociedade, temos uma real necessidade de encontrar formas de estruturar o trabalho", diz Diane Halpern, diretora do Instituto Berger para o Trabalho, a Família e as Crianças da Universidade McKenna na Califórnia. "Homens e mulheres precisam de um ambiente [de trabalho] favorável à paternidade", como o teletrabalho, o "part-time" de qualidade, o trabalho partilhado, acrescenta. Para a responsável não há dúvida
que as empresas têm oferecido resistência a este ambiente,
como forma de reduzir os custos. Mas a longo prazo este é um investimento
seguro: reduz o absentismo, aumenta a motivação e a rotação
excessiva de empregos, conclui. APFN - Associação Portuguesa das Famílias Numerosas |
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