Portal da Família
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Carta
de uma sogra para a nora Luz María de la Fuente |
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"Comecei estas linhas tratando-a por filha, um nome que talvez não lhe devesse dar. Seria uma bobagem chamar-lhe filha, pela simples razão de que <<mãe, há uma só>>. No fundo, porém, como a maternidade tem diversas formas, posso, sim, chamar-lhe "filha", já que na verdade você é uma filha para mim. "A sua chegada à nossa família significou uma confirmação das possibilidades que o carinho nos oferece. Porque o verdadeiro afeto é como uma janela aberta, através da qual se renova a atmosfera da nossa vida e se enche de luz a cotidianidade que nos traz presos ao dia-a-dia: a casa, os filhos, o trabalho, o escritório, o descanso e a diversão. Que seria de tudo isso se não estivesse iluminado pela luz do amor, se não se oxigenasse com a pura novidade do apreço e da estima que deve unir as pessoas? "Que seria de você, de mim e de toda a humanidade se, no fundo da nossa existência, não ardesse a chama da convivência e da dedicação? Se você chegasse à sua casa de esposa e não houvesse crianças ou, pelo menos, a esperança de converter em realidade, quanto antes, esse projeto de que o amor transborde? Que seriam para nós, mulheres casadas, essas quatro paredes do lar sem a presença de um marido por quem esperar, de quem cuidar, de quem queixar-se quando deixa as luzes acesas ou livros e papéis espalhados pela casa? A que ficaria reduzida a família se, em lugar do afeto, reinasse nela o egoísmo?; se o bebê que chora no berço não soubesse que a mãe virá logo, movida por essa misteriosa mola que funciona sempre e a todas as horas?; se os filhos que chegam do colégio não encontrassem a mamãe sorridente, com a comida preparada e todo o seu tempo livre para eles? Que seria de nós sem esses amigos com os quais compartilhamos parte da nossa intimidade, com quem saímos para tomar alguma coisa, para jogar um squash ou para ter uma conversa sobre temas importantes que nos ajudam a melhorar? Que seria, enfim, de qualquer marido ou esposa que vagueasse como um sonâmbulo pela tensa e escura incerteza da incompreensão conjugal? "Além de recebermos o sol e o ar puro do carinho autêntico através da simbólica janela do amor, é claro que também damos do nosso carinho. A começar pelo olhar - é a primeira coisa que fazemos ao abeirar-nos da janela: olhar! Um olhar que, como espelho da alma, deve ser a promessa de tudo o que estamos dispostos a dar. "Mas, por falar em noras, permita-me contar-lhe
que, certa vez, narrei a história de Rute a uma amiga; a sua filha
era recém-casada, e tinha problemas com a sogra. Poucos dias depois,
tornei a encontrá-la e, consciente de que a Palavra de Deus tem
força própria e faz milagres quando não bloqueamos
a sua ação, perguntei-lhe como estava a filha. A senhora
começou a rir com um ar triste. "O caso é verídico. O que não parece tão certo é que seja tão inevitável assim <<rotular>> as pessoas. O correto seria, numa tentativa solidária, situar mentalmente determinados indivíduos fora do seu contexto. Explico-me. Não os ver unicamente através do papel que representam na família ou na sociedade, não julgá-los pelas suas circunstâncias atuais. Nessa longa lista de pessoas que poderíamos isolar do emaranhado das suas respectivas vidas, figurariam: as sogras difíceis, os colegas com quem não nos damos bem, alguns doentes excessivamente exigentes, idosos com problemas de comportamento, os chefes coléricos... Contemplar essas pessoas como pessoas é começar a compreender que todos precisamos de um pouco mais de amor. As vezes, esse amor será simplesmente rezar pela pessoa necessitada. Outras... Mas por que lhe vou repetir tudo isto? Nós, as mulheres, avançamos constantemente no amor, a partir da nossa própria família. "Rute era uma boa nora que tinha, além de uma excelente sogra chamada Noemi, um coeficiente de luz interior que lhe permitia compreender por que não se devem desprezar os vínculos impostos pelas circunstâncias. Existem para nos enriquecer! "Querida nora ideal, tenho que terminar estas linhas. Obrigada por tudo. Conte comigo. Mas, por favor, continue a ajudar-nos. Porque a sua juventude e até a sua inexperiência, a força do seu entusiasmo e a sua dedicação à fascinante e árdua tarefa de construir uma família, tudo isso é sempre um exemplo para nós, um livro aberto que nos conta a história do mundo. Uma história de amor para crianças de todas as idades, que enternece acima de tudo o coração dos avós. "A sua incondicional..." Luz María de la Fuente é mãe
de família numerosa, co-autora do livro "Aprender
a evelhecer" e do livro "A
Sogra (e a Nora) Ideal" Fonte: "A Sogra (e a Nora) Ideal", Luz María de la Fuente - Ed. Quadrante, 1998, São Paulo |
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