Quando um jovem casal tem seus primeiros filhos, a força do ambiente é administrável. São as situações às quais os próprios pais são submetidos e as que vivenciam os filhos, previsíveis e controláveis enquanto pequenos.

Os anos de vida em família com seus pais e irmãos tornaram esses jovens aptos para o empreendimento que iniciam. Embora seja uma bagagem pouco densa, pois na maior parte do tempo atuavam como filhos, alheios às reais dificuldades na arte de educar, essa experiência é suficiente para que se posicionem na categoria de pais Fortes (1).

Por outro lado, a força do ambiente vai aumentando gradativamente com o passar dos anos. Em casa, há a influência da televisão, dos jogos eletrônicos e da internet. Os pais logram muitas vezes em orientar ao filho para que saiba escolher bons amigos. Os filmes, os vizinhos, as namoradas, as festas e outras influências aumentam à medida que as crianças e jovens vão circulando pelo mundo.

Aquela experiência na arte de educar, que os pais tinham no inicio, passa a não ser suficiente para a pressão crescente do ambiente, e o jovem casal pode se ver surpreendido na situação de pais Indiferentes (2).

As conseqüências muitas vezes são percebidas tarde demais, depois do estrago causado pelo ambiente permissivo na família. Alguns exemplos extremos seriam a gravidez prematura e o uso de drogas. Outros efeitos menos visíveis e igualmente devastadores podem estancar o pleno desenvolvimento dos filhos.

Para voltarem a ser Fortes, os pais têm que fazer algo. O primeiro passo seria formar-se. Há livros excelentes sobre o assunto, artigos do Portal da Família, revistas como Ser Família, Curso de Educação de filhos organizados pela IBF, o programa Protege teu Coração e simpósios organizados pela ADEF, entre outras iniciativas.

Entre os emails que recebi de leitores do Portal da Família, destaco o seguinte comentário: “Minha filha de oito anos não me dá nenhum trabalho, mas o garoto de treze anos é um problema... “ Ao que retruquei que a menina não dá problemas porque tem 8 anos, e que possivelmente dará aos 13 anos.

É louvável que essa mãe esteja procurando ajuda quando o primogênito tem 13 anos, mas deveria ter buscado antes, quando ele ainda tinha oito anos. Pais antenados e bem intencionados procuram se antecipar às etapas. Para tirar o maior proveito da fase de 0 a 3 anos no desenvolvimento dos filhos, o ideal seria fazer o curso Primeira Idade quando a esposa ainda está grávida. O curso de Primeira Letras quando começam a andar. O Curso Primeiras Decisões quando aprendem a ler, e o de Adolescente quando os filhos ainda estão na infância.

As empresas contratam engenheiros para construir pontes depois que se graduam, e não o contrário. O princípio que usa na vida profissional é o mesmo que deveríamos aplicar na vida familiar.

Quando os pais resolvem formar-se seriamente na arte de educar filhos, a pressão do ambiente começa a reduzir, pois passam a antecipar os problemas. Conseguem, já, desviar-se dos golpes do rinoceronte. No entanto, dependendo das influências externas, isso pode não ser suficiente, e o jovem casal consegue alçar somente à situação de pais “Light” ou Fracos (3).

O segundo passo, não menos importante que o primeiro, é colocar em prática o que se estudou, sair da zona de conforto, atuar e agir sobre o meio externo. Trata-se de empunhar com perseverança o cabo de guerra. A pressão do ambiente, segura pelo cabresto, fica suportável, e os jovens pais retornam finalmente à categoria de pais Fortes (4).

O investimento, necessário para adquirir maior formação e atuar com o fim de reduzir os efeitos do ambiente externo permissivo sobre a família, justifica de longe o custo das conseqüências irreversíveis que estarão sendo evitadas. Vale à pena! Afinal de contas, a família é o nosso tesouro mais precioso.

Este artigo faz parte de uma série de textos intitulados Cabo de Guerra, de André Pessoa:

Cabo de Guerra I - O Ambiente Externo

Cabo de Guerra II - O Valor da Família e do Matrimônio

Cabo de Guerra III - O clima familiar

Cabo de Guerra IV - Dinâmica de Guerrilhas: Antecipar-se

Cabo de Guerra V - Carteiras de Investimento

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André Pessoa é pai de seis filhos, Mestrado em Orientação Familiar por Navarra, ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995; Graduado pelo IME (Engenharia), Pós-Graduado pela PUC (Administração), FGV (Contabilidade Gerencial), ISE (Programa de Treinamento de Executivos) e Navarra (Orientação Familiar); Consultor da Accenture.
e-mail: andre.v.pessoa@gmail.com

Publicado no Portal da Família em 19/01/2011