Portal da Família
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Cabo de Guerra V - Carteiras de Investimento |
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André Pessoa |
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Na seqüência de artigos da série Cabo de Guerra, concluímos que os pais têm oportunidade de transmitir valores e formar os filhos em virtudes, ao que tendem a abrir mão para reduzir o clima de tensão familiar. O ambiente permissivo anula o esforço dos pais de educar os filhos, e coloca em risco a família e o matrimônio, que são o bem maior da sociedade. Para reduzir a força do ambiente é necessário diversificar o empenho dos pais nos diversos âmbitos de relacionamentos que cercam a família. É boa iniciativa lapidar o próprio caráter para se colocar em posição privilegiada de ensinar aos filhos. Um bom técnico de futebol sabe, ele próprio, jogar bola. Uma ex-balilarina é uma boa candidata para ser professora de balé. O primeiro passo é, portanto, crescer em espessura e categoria, para ser bom exemplo aos filhos e poder dizer: faça o que eu faço. O segundo passo é entender as crianças e a melhor maneira de desabrochá-las, ou seja, especializar-se na arte de ser pai. Esses dois passos desenvolvem-se na busca de um ideal maior, do auto-conhecimento, do crescimento interior e da aquisição de sabedoria e critério. Formar-se requer esforço, empenho do próprio tempo e dispêndio financeiro. Por isso podemos considerar que é esta a nossa primeira carteira de investimento: o âmbito transcendental. Alguns pais argumentam que a intuição é o melhor professor. Seria imprudente que uma enfermeira fizesse uma ponte de safena, ou que um mestre de obras projetasse um edifício. Submeter nossos filhos a experimentos é um risco. Temos que estar seguros de estarmos dando os passos corretos. É sábio checar se a nossa intuição chegará a bom termo. Este é o grande benefício dos livros, palestras, cursos, simpósios, revistas e portais. São fontes riquíssimas de anos de experiência acumulada sobre a arte de educar filhos. Enquanto o “formar-se” acontece no transcendental, “atua-se” nos outros quatro âmbitos de relacionamentos. Ao buscar formação, saberemos reconhecer previamente o rinoceronte, mas o confronto acontece nos quatro demais âmbitos. Atuar na família : retomamos o estudo do papel dos pais, da escola de virtudes e do clima familiar. O principal investimento é o tempo. Tempo para estar em casa mais cedo e conversar com os filhos para formá-los em valores. Tempo para passar a televisão e a internet para um segundo plano bem controlado, pois são canais comunicantes do ambiente externo que desembocam direto na nossa sala. Adicionalmente, coragem para que os filhos se acostumem a ouvir muitos “nãos”. Atuar nos círculos de amizades , dos filhos e nosso. Incentivar que os filhos tragam seus amigos para casa, para que possamos conhecê-los. Teremos oportunidade de orientar os filhos acerca de quem nos parece ser boa influência. Isso é necessário, mas é pouco. Para agir preventivamente, poderíamos mostrar aos nossos amigos, e aos pais dos amigos de nossos filhos, como serem melhores pais. Em outras palavras, propor que se formem na arte de educar os filhos. Estaremos atuando para proporcionar um ambiente saudável no entorno de nossa família e para transformar a sociedade, como ondas circulares que se espalham em uma lagoa. O trabalho é um dos ambientes onde é mais visível a inversão de valores. Se o principal patrimônio das empresas são os funcionários, e as famílias os maiores bens destes, o conceito de “homem de família” deveria ser amplamente valorizado, assim como as mulheres animadas a exercer seu direito de ter mais filhos. Algumas empresas começam a valorizar o gerente que sabe harmonizar a família e o trabalho. Nosso investimento está em apurar o sentido de oportunidade para defender os valores da família e do matrimônio quando esse assunto vem à tona. Vale observar que os colegas de trabalho, que são também nossos amigos, fazem parte da carteira de investimentos anterior. No último âmbito de relacionamentos, a responsabilidade de não sermos cidadãos omissos. As caixas de sugestões, seções de leitores dos jornais e revistas são ótimas oportunidades de combater o hedonismo, consumismo e defender os valores da família e do matrimônio. Seria ótima iniciativa, por exemplo, a organização de simpósios com profissionais de diversas especialidades para debates, como fizeram em Princeton em 2004. Empunhado firme o cabo de guerra, preparados e ativos, nos anteciparemos aos movimentos do rinoceronte e avançaremos confiantes ao confronto, para segurá-lo pelo cabresto e derrubá-lo no chão. |
Este artigo faz parte de uma série de textos intitulados Cabo de Guerra, de André Pessoa Veja também: Cabo de Guerra I - O Ambiente Externo Cabo de Guerra II - O Valor da Família e do Matrimônio Cabo de Guerra III - O clima familiar Cabo de Guerra IV - Dinâmica de Guerrilhas: Antecipar-se Cabo de Guerra V - Carteiras de Investimento
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André Pessoa é pai de seis filhos, Mestrado em Orientação Familiar por Navarra, ministra cursos e palestras de Educação de Filhos desde 1995; Graduado pelo IME (Engenharia), Pós-Graduado pela PUC (Administração), FGV (Contabilidade Gerencial), ISE (Programa de Treinamento de Executivos) e Navarra (Orientação Familiar); Consultor da Accenture. Publicado no Portal da Família em 20/03/2011 |
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